Memória LEOUVE

Porque somos indulgentes com o estupro?

Porque somos indulgentes com o estupro?

33 era a idade de Cristo; 33 foram os soterrados na mina de cobre no Chile da qual saíram como heróis pela resistência. 33 seriam os violentadores da jovem no Rio de Janeiro,

Afinal, ela foi estuprada ou concordou com uma “festinha” que passou das medidas? Quer saber? como se tem pregado por aí e gostaria de engrossar este coro, não quer dizer não e se a moça estava dopada, nem o não ela teve o direito de dizer.

Muita gente está com dificuldade de entender o termo “cultura do Estupro”, que efetivamente pode ter uma discussão e definição muito ampla. Mas cá entre nós, entender o que é estupro e que esta é uma das formas mais cruéis de se impor pela força e deixar marcas indeléveis no corpo e na alma, isto não é de difícil entendimento.
Há em todo este episódio lições para todos nós: 1) precisamos falar o assunto; 2) eu, você e a maioria dos brasileiros certamente não faziam ideia destes dois números, 13 mulheres são estupradas diariamente no RJ e uma a cada 11 minutos no Brasil. 3) já não basta estuprar. Tem gente fazendo questão de mostrar e se vangloriar do ato em redes sociais. Seria o estupro ostentação.

O estupro ofende a todos porque todos têm uma mãe, irmã, filha ou companheira que é vítima em potencial. Trata-se de violência física, de imposição sobre a liberdade de escolha da vítima, a quem não é dado o direto de optar e sobretudo, uma violência psicológica que ofende de morte a alma e a vontade de viver.

 

Então, a bem da verdade, é bom que se esclareça a real extensão do que houve naquela casa cheia de marginais. Mas as cenas gravadas não deixam margem a uma verdade: houve crime e crime grave. Assim como aquele, todos os dias existem muitos outros no país e tratamos esta ofensa degradante com uma indulgência inexplicável. Não pode ser assim, quiçá não será mais assim.