A Justiça do Uruguai está processando 12 pessoas ligadas ao tráfico internacional de armas ao Brasil para quadrilhas com ligações com a Serra Gaúcha.
Segundo fontes consultadas pela reportagem do jornal uruguaio El País, publicada no dia 7 de junho, membros do crime organizado de cidades como Caxias do Sul e Bento Gonçalves, além do Rio de Janeiro, viajavam até Rivera, na fronteira entre aquele país e o Rio Grande do Sul, para adquirir armas e munições.
Em alguns casos, de acordo com a Justiça, as armas ficavam escondidas em depósitos no Uruguai; em outros, eram trazidas para solo brasileiro.
A quadrilha foi desarticulada depois que dezenas de escutas e interceptações telefônicas em cidades como Montevidéu, Tacuarembó, Canelones, Artigas e Rivera mostraram a organização da quadrilha em todo o país.
Das 12 pessoas que estão sendo processadas, oito foram presas a pedido da juíza Annabel Gatto de Souza. A Justiça já conseguiu provar que pelo menos uma negociação aconteceu envolvendo uruguaios e brasileiros através da fronteira entre Rio Branco, no Uruguai, e Jaguarão, no extremo sul gaúcho.
Na ação, a polícia interceptou uma caminhonete com placas de Santa Catarina que pretendia deixar o Uruguai transportando dois mil projéteis 9mm e 500 cartuchos para calibre .223, para fuzis automáticos.
Um dos presos admitiu que vendia armas a máfias brasileiras desde junho do ano passado. De acordo com o processo, os policiais encontrara, diversas pistolas Glock, que podem ser compradas a US$ 900 no Uruguai e chegam a ter o valor triplicado em solo gaúcho, rifles semiautomáticos, celulares, GPS, cartuchos, carregadores e peças internas para manutenção de armamentos.
Entre os oito presos, apenas um responde por tráfico internacional de armas, mas quatro suspeitos estão respondendo a processo em liberdade pelo mesmo crime. “Os compradores brasileiros não vinham ao Uruguai para fazer turismo. Nenhum deles estava limpo. O problema é que essas armas são usadas contra policiais e civis brasileiros”, disse uma pessoa ligada ao caso ao jornal uruguaio.
A ligação entre o crime organizado no Brasil e armas com registro no Uruguai é uma prática conhecida na Polícia Federal. Em meados de 2015, a PF estimava que pelos menos 300 armas automáticas foram traficadas a organizações criminosas do país através de Rivera. Os nomes dos brasileiros envolvidos no caso não foram revelados, mas as suspeitas indicam que alguns deles tenham ligação com o Comando Vermelho.