Memória LEOUVE

Perder

Perder

 

É interessante refletir sobre as coisas às quais estamos dispostos a nos desfazer daquelas que simplesmente saem, somem, desistem ou desaparecem de nossa vida.

 

 

Uma coisa é deixar de lado alguma coisa, outra é perder. Estou falando de coisas materiais que de alguma maneira ficamos cultuando, adulando, arrumando e de um momento para outro, saí de nossas vistas.

 

 

É bem diferente a iniciativa de se desapegar de algo do que perder algo. A primeira tem um grau de consentimento, de desprendimento programado, a outra tem um grau de surpresa.

 

 

O inesperado parece sofrido, até faz mal ao coração. O que nos surpreende, que veio de repente, sem que tivesse sido negociado com a mente.

 

 

Isso nos dá a dimensão de que tudo é passageiro, do que temos em nossa volta: de amizades, conhecidos, das situações do cotidiano, de empregos ou determinadas circunstâncias que acreditamos que serão para sempre. No fundo não são bem assim.

 

 

Afinal, tudo que nos cerca tem um caráter de não permanente. Já percebeu isso. Pois, é quanto mais percebemos essa condição que a vida nos oferece, sofremos menos. Percebemos os sinais da imprecisão e do imprevisível.

 

 

O imprevisto é um sinal de que não conseguimos dominar ou controlar tudo que nos cerca. Que bom que isso ocorre!

 

 

Pois, seria muito chato querer ter esse controle, apesar de que pessoas acreditam que conseguem. E quando perdem alguma coisa se colocam como vítimas do seu destino ou se vem como culpadas por terem esse domínio. Não se sinta com esse poder, não somos capazes de controlar nem os nossos pensamentos.

 

 

Para os que querem ter essa capacidade de controle, pensem que se aceitarem que perder é tão comum quanto ganhar tudo seria mais harmonioso.