Memória LEOUVE

Para as mulheres do nosso tempo

Para as mulheres do nosso tempo

Não adianta mandar flores e mensagens bonitinhas enaltecendo a sensibilidade e o valor da mulher. Não se trata de fazer homenagens singelas para as lindas mulheres que fazem parte da nossa vida, e nem estimular um comércio de distribuição de rosas e de afirmação de estereótipos de feminilidade que mais infantilizam as mulheres do que as libertam.

 

A verdade é que, se ainda é preciso celebrar um Dia Internacional da Mulher, é porque ainda hoje a discriminação persiste, mesmo 160 anos depois e ainda que nem tão violenta quanto o criminoso incêndio que vitimou as mulheres grevistas de Nova Iorque em 1857.

 

Se o dia 8 de março existe, é porque é preciso reafirmar essa disposição em seguir abrindo caminhos pra mostrar que mulheres e homens merecem os mesmos direitos, e que cabe a toda a sociedade criar as condições de igualdade entre os gêneros e reafirmar a importância de uma luta travada todos os 365 dias de cada ano.

 

E é exatamente por essa história de lutas pela igualdade e pelos direitos das mulheres travada todos os dias, geração a geração, entre pequenos gestos e grandes ações, que esse dia só faz sentido se for usado para chamar atenção para o assunto.

 

Porque a metade feminina da humanidade continua sofrendo discriminação sexual, inclusive nos países mais avançados, em uma injustiça que não é apenas inaceitável como cria um obstáculo para o progresso social e econômico do mundo inteiro.

 

Não é à toa que ainda hoje lamentamos as graves dificuldades no acesso das mulheres à educação e ao mundo do trabalho, o salário médio 24% menor que o dos homens, a crescente desigualdade social que afeta as mulheres em especial no mundo todo, sem falar na realidade mais dilacerante dessa discriminação, que é a violência sofrida por mulheres submetidas à mutilação, à exploração sexual ou a violência doméstica.

 

Há um século, a Conferência Internacional das Mulheres na Dinamarca proclamou o dia da mulher no compromisso com a luta por melhores condições de trabalho e de remuneração e, desde lá, é evidente que houve avanços. Hoje, por exemplo, quase não se vê discriminação contra a mulher nas leis, mas a prática é completamente diferente.

 

Por isso, o dia 8 precisa servir pra entender que acabar com a desigualdade entre os sexos não é resolver simplesmente um problema exclusivo das mulheres, mas um problema de todos.

 

Para que as mulheres de nossas vidas, e todas elas, por extensão, não passem mais por constrangimentos, violências e opressões de todos os matizes. Para que o futuro de mulheres seja mais digno, mais justo, mais fraterno e mais amoroso.

 

 

E, principalmente, porque passa pelas mulheres a solução dos maiores problemas do nosso tempo.