Eu vou ser bem sincero com vocês aqui: eu confesso que depois que eu critiquei aqui a escolha do ministério do temerário governo Temer, cheio de investigados pela Lava-jato, sem mulheres e negros, com gente que em outras épocas carregava apelidos pejorativos no Planalto Central e outras mumunhas mais, e recebi um monte de e-mails e mensagens nas redes sociais dizendo: – Calma, Rogério, vamos dar tempo pro homem trabalhar e mostrar a que veio, – a minha reação foi pensar: tá bem, o cara assumiu agora, tudo certo, foi só um deslize, vamos dar então tempo pro homem.
Mas olha, depois de só uma semana que o cara sentou lá na cadeira maior do Planalto, tá difícil ficar quieto, belo, recatado e do lar.
O que me fez sair da casinha de novo foi a escolha do nem tão nobre deputado André Moura pra ser o líder do governo na Câmara. E todo mundo perguntou: mas quem diabos é André Moura na ordem do dia? E todo mundo foi atrás da biografia e do currículo do cidadão.
Tá, o cara é da turma do Eduardo Cunha, mas até aí tudo bem. Afinal, o Cunha já emplacou até o Ministro da Justiça.
O problema mesmo foi que, em vez do currículo e da biografia, o que se achou foi a ficha corrida do cara: o tal do Moura é réu em três processos no Supremo Tribunal Federal (STF), já foi condenado quatro vezes pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades com dinheiro público, foi proibido de concorrer nas eleições de 2014, teve as contas da campanha rejeitadas e está inelegível.
Mais ficha suja impossível, né? Mas não termina aí: a cereja do bolo é que ele responde como investigado em outros três inquéritos, um por envolvimento na corrupção da Lava-jato, e em outro, senhores, vejam bem, ele é acusado de ser o mandante de uma tentativa de assassinato contra um desafeto político quando era prefeito de Pirambu, nos grotões do Sergipe.
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É isso mesmo, o líder do temerário governo Temer é acusado de homicídio! O cara não tem currículo, tem um prontuário policial nas costas.
Poxa, aí eu sou obrigado a dizer pra vocês que caíram todos os butiás do meu bolso.
Como assim? Que país é esse? Isso é um escárnio com a indignação e com o desejo de honestidade da gente, da população que foi às ruas pra pedir a cabeça de um governo corrupto?
Sinceramente, não sei de mais nada. E depois eu ouvi por aí que o nome do cara foi apoiado por uns 300 deputados, todos alinhados com o padrinho poderoso. Adivinhem que é? Bingo: Eduardo Cunha.
E então eu pergunto pra vocês: que sinais são esses vindos de um governo que devia salvar o país e que devia ser acima de qualquer suspeita pra que a gente voltasse a acreditar que a gente realmente pode sair deste lamaçal de corrupção e imoralidade?
E aí caíram até os butiás que eu nem tinha mais no bolso, porque até os bons aliados de Temer ficaram chocados com a indicação, mas não conseguiram convencer o temerário presidente, que parece ser refém de Eduardo Cunha, porque o impeachment de Temer está aí, e porque, definitivamente, Cunha sabe demais.
