Memória LEOUVE

Onda de assaltos x guarda municipal

Onda de assaltos x guarda municipal

As redes sociais expressam em tempo real o que vai pela cabeça das pessoas. Funciona como uma pequena pesquisa de opinião. Não quer dizer que tudo o que se expressa deva se impor, mas sim, deve ser levado em conta.

 

Nos últimos oito dias as pessoas têm mostrado sua preocupação mais do que justa quanto à onda de assaltos que está ocorrendo em Bento Gonçalves. São lojas, casas, cafés, farmácias, postos de gasolina, na área urbana e também na zona rural. Parece não haver precedentes quanto ao número de ocorrências que chega a duas por dia.

 

As causas são conhecidas: crise econômica e consequente falta de empregos; fata de punição adequada; facilidade para delinquir. Não há policiamento ostensivo e a lei é fraca devolvendo marginais às ruas, após sua prisão, muitas vezes antes do policial encerrar seu turno de trabalho. Enfim, são todas causas conhecidas e que saltam aos olhos. Ver uma dupla de policiais em qualquer esquina é tão raro quanto enxergar uma anta no Rio das Antas. Tão pouco provável quanto ganhar numa loteria.  E não há presídios e os que existem não reeducam.

 

O que vivemos é a penúria financeira do estado que impede o investimento em equipamentos e em pessoas. Então o terreno hoje é fértil e convida a soluções imediatistas, talvez até oportunistas que venham a ser reincorporadas a programas de governo dos atuais pré-candidatos à prefeitura.

 

Em 2012 a criação da guarda municipal foi aprovada e só não foi instituída porque houve mudança no partido vencedor. Mas há que ser lembrado que não apenas o estado, mas os municípios estão em grandes dificuldades financeiras. A contratação de um servidor público municipal – no caso um guarda -0 é despesa pelos próximos 50 anos, com salário e aposentadoria. Isto sem falar da questão constitucional que delega este cuidado ao Estado e do problema do treinamento e das responsabilidades em colocar homens armados que talvez não tenham o preparo suficiente para a autoridade que lhes será auferida.

 

 

Nunca é demais lembrar que decisões tomadas sob o calor da emoção não costumam ser as melhores. Devagar com o andor nesta hora, mesmo que saibamos que providências sejam urgentes.