Memória LEOUVE

Olívio, Luana e suas excelências

Olívio, Luana e suas excelências

 

Não é novidade pra ninguém que vivemos um final de ano sem precedentes. Sim, há as mortes de famosos a computar; as tragédias naturais ou causadas (Alepo na Síria, o acidente com o avião da Chapecoense) terremoto aqui, vendaval ali.

 

 

Mas o que mais evidente ficou pra o brasileiro é que o desastre da economia nacional tem responsável conhecido. Cnpj, código de endereçamento postal e normalmente respondem por um pronome de tratamento do tipo, vossa excelência. São doutores do mal. Eleitos ou concursados. Gente que se esconde atrás de mandato, atrás de corporações, sindicatos, associações. Rouba-se em nome da classe, da amante com filho, ou simplesmente para garantir a boa vinda até a quinta geração.

 

Parece emblemático o caso do Rio de Janeiro. O ex-governador Sérgio Cabral e sua mulher chiquérrima trocaram os jantares nababescos em Paris e as joias caras pelo uniforme e pelas quentinhas do sistema prisional carioca, a Suderj. Mas não dá pra pensar que está tudo bem. Eles tem o que comer, enquanto muitos pensionistas e servidores públicos passarão uma virada de ano de penúria, recebendo donativos. É triste, e humilhante. Um retrato três por quatro do Brasil que vivemos e não queremos mais.

 

Infelizmente as questões que vem sendo desvendadas a partir da operação Lava Jato, mostram um país em que a elite que deveria se preocupar com o povo, trata é de se locupletar, como se os desvios que promovem não fizessem mal a ninguém e nada tivessem a ver  com a falta de medicamentos, de hospitais, de boas estradas e tudo o mais. Cadeia é mesmo o destino que cabe a Cabral, sua mulher e todos os outros, que traíram a confiança do povo e que são indignos dos postos que ocupam e ocuparam – e vale o mesmo para deputados, senadores, prefeitos, vereadores ou juízes.

 

Aliás, como andarão os processos que respondem o ex-secretário de Finanças de Bento Gonçalves Olívio Barcelos de Menezes e a ex contadora Luana Marcon? Já se passaram quatro anos desde que foram protagonistas de uma vergonha nunca antes imaginada em Bento Gonçalves. Sabe-se que ajudaram a desviar recursos. Farão delação premiada? foram os únicos responsáveis pelo descalabro instaurado na fazenda pública do município? sabe-se que hoje não estão mais por aqui, mas a situação do município continua financeiramente caótica (importante que a Justiça permitisse aos cidadãos divisar exatamente onde estão as diferenças e razões para governos diferentes terem rombos semelhantes nos cofres públicos).

 

Enquanto as investigações do juiz Sérgio Moro colocam quase que imediatamente pessoas de alto escalão atrás das grades, no âmbito estadual as investigações se arrastam com a morosidade que todos conhecemos. Não seria o caso de algum representante do judiciário estadual dar alguma satisfação à sociedade? Ou será que, como traduz a desconfiança popular, escaparão ilesos?