Memória LEOUVE

Olhos gulosos, umbigos gananciosos

Olhos gulosos, umbigos gananciosos

A gente tem ouvido todos os dias os especialistas na crise nacional repetirem que a coisa mais importante pra reverter essa situação é a retomada da confiança. E aí, apesar do ritmo do desemprego que faz milhões de famílias brasileiras conviver com a face mais cruel da crise, apesar do fechamento de empresas e de outros tantos efeitos nefastos da recessão, a gente quer mesmo acreditar na competência e na validade dos planos apresentados até agora pela nova equipe econômica.

 

Mas, infelizmente, qualquer otimismo esbarra na falência moral da política brasileira e desaparece da frente quando olhamos para o buraco escuro da política tupiniquim.

 

E enquanto nenhum discurso alivia o dia a dia das famílias, a gente se dá conta de que somos reféns de um Congresso formado por uma maioria sem escrúpulos que decide os nossos destinos com seus olhos gulosos voltados para seus umbigos gananciosos.

 

Eu quero ter confiança, e quero sinceramente poder dizer pra vocês que nós podemos mesmo confiar.

 

Mas ontem mesmo, um dia depois que o IBGE calculou uma legião de mais de 10 milhões de desempregados e enquanto o governo do temerário interino quer congelar os investimentos em Educação e em Saúde, os nobres congressistas acertaram com esse mesmo governo um aumento generoso para os servidores do Executivo, do Judiciário, da Câmara e do Senado.

 

Não que eles não mereçam. Longe disso. Mas eu pergunto: isso é justo, logo agora que o governo precisa nos convencer que vai cortar na própria carne pra corrigir os erros cometidos pelo próprio governo?

 

E como a gente pode aceitar que esse pacote de bondades não vai aprofundar a gastança do governo, só porque já está previsto no buraco negro do rombo bilionário aprovado por eles mesmos?

 

Serão quase R$ 60 bilhões, caríssimos.

 

Os mesmos bilhões que há muito tempo escorrem pelo ralo do poder que compra silêncio e conveniência e recheiam bancos e bolsos abarrotados.

 

 

Eu quero confiar, mas como?