Memória LEOUVE

O tubarão das Alagoas

O tubarão das Alagoas

Depois dos capítulos dessa semana, da ação irregular da Polícia Legislativa e da defesa que fez atacando o Judiciário, o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado Federal é uma imposição. Aliás, isso é o mínimo que a gente pode esperar.

 

Porque Renan Calheiros representa o que há de pior na política tupiniquim, um arremedo de coronel corrupto que se aliou a todos os governos desde a redemocratização do país e que está hoje envolvido até o pescoço nas investigações de 12 inquéritos no STF, nove deles da Lava Jato.

 

Mas mesmo assim, o coronel das Alagoas, que acha que pode chamar o ministro da Justiça de chefete de polícia e um juiz federal de juizeco e sair impune, pelo menos por enquanto, não é réu em nenhum desses processos.

 

O certo é que as peripécias de Renan à sombra do poder tem uma vasta ficha corrida. Em seu terceiro mandato de senador, ele é presidente do Senado pela terceira vez, mesmo já tendo renunciado ao segundo mandato de presidente, em outubro de 2007, para evitar a cassação de seu mandato de senador, depois das acusações de que ele recebia propina da construtora Mendes Júnior paga a uma jornalista com quem Renan tem uma filha fora do casamento. Tudo juramentado.

 

Mas como o coronel é amigo de todos os reis, o conselho de ética o absolveu de todas as acusações e ele está de volta de onde na verdade nunca saiu: o centro do poder.

 

Mas a falta de escrúpulos do senador já passou de todos os limites, mesmo nessa vergonhosa subversão de valores que impera há décadas na política deste país de botocudos, onde ele é um dos principais caciques.

 

 

A verdade é que está mais do que na hora da Justiça dar a Renan o que ele merece, mas não vá pensar que essa tarefa será tranquila como derrubar o crocodilo Eduardo Cunha. Porque perto de Calheiros, Cunha é peixe pequeno. E o coronel das Alagoas é tubarão dos grandes, e se ele cair na tarrafa, a pescaria pode pegar todo o cardume, de Sarney a Jucá, de Lobão a Temer.