O mapa da morte em Caxias

Setembro ainda não se encerrou, mas já é o mês mais violento de 2015 em Caxias do Sul. Até esta segunda-feira, dia 28, 15 pessoas foram assassinadas na cidade. De janeiro até agora foram registradas 85 mortes violentas entre homicídios e latrocínios. A média é pouco inferior a 10 crimes contra a vida por mês na cidade. Segundo levantamento do Portal Leouve, pessoas foram mortas em 49 bairros da cidade. Os detentores do triste título de campeões em homicídio no ano são os bairros Santa Fé, com cinco crimes, Belo Horizonte, Kayser e São José, com quatro assassinatos cada.

 

O Kayser testemunhou inclusive um triplo homicídio na mesma rua, a Travessa São Marcos, após confronto entre bandidos e polícia, em caso que para a Secretaria de Segurança Pública do Estado não entra para as estatísticas como homicídio, assim como cadáveres encontrados e latrocínios.

 

No centro de Caxias foram três registros, assim como os bairros Reolon, Serrano e Rio Branco. Alguns bairros só registraram crimes depois que a polícia restringiu operações, em função dos salários atrasados. É o caso do Desvio Rizzo (dois assassinatos), Parque Oásis (dois), São Leopoldo (dois) e Cânion (dois).

 

O bairro Pio X registrou o caso que mais chocou a cidade. A morte da menina Ana Clara Benin Adami, de apenas 11 anos. O crime segue sendo um mistério para a polícia. A principal hipótese é de uma tentativa frustrada de assalto.

 

Por outro lado, bairros que em outros anos foram mais violentos, registraram menos crimes. São os casos do Vila Ipê (um), 1º de maio (um), Jardim Oriental (nenhum), Jardelino Ramos (nenhum), Panazzolo (nenhum), Salgado Filho (nenhum) e Cristo Redentor (nenhum).

 

 

“Picos de homicídios são naturais, mas a criminalidade (também) pode ter sentido o resfriamento da segurança nos últimos meses”, admite delegado

 

Na avaliação do delegado interino da Guilherme Alexandre Olsen Gerharth, que está substituindo o delegado Rodrigo Kegler Duarte, titular da 2ª Delegacia da Polícia, que está de férias, cerca de 60% dos crimes praticados em Caxias do Sul estão resolvidos ou próximos de serem solucionados "Só não conseguimos adiantar muita coisa dos assassinatos deste mês de setembro, já que foram muitos", revela.

Quando perguntado sobre o fato da explosão da criminalidade, principalmente de homicídios ter acontecido no período de parcelamento dos servidores estaduais (agosto e setembro), ser coincidência ou não, ele conta que todo o ano existe um pico de criminalidade "Não é possível afirmar que uma coisa tenha haver com a outra, mas há sim uma sensação nos bandidos de que houve um resfriamento da segurança nesse período. Então eles praticam os homicídios." Conta.

De todos os crimes até agora o mais misterioso para a polícia é o caso envolvendo a morte da menina Ana Clara Benin Adami, morta aos 11 anos com um tiro no abdômen enquanto ia para a catequese, no dia 16 de julho deste ano. O caso ainda está sob investigação da Delegacia da Criança e do Adolescente (DPPCA).

 

Para o delegado Gerharth, esse assassinato foge à qualquer tipo de padrão visto até agora. "A morte desta menor é um ponto fora da curva. Geralmente os assassinatos têm envolvimento de criminosos contra criminosos ou adultos contra adultos ou adolescentes, mas esse da Ana Clara foge desta característica", observa.

 

 

Confira a lista completa de crimes nos bairros:

 

– Santa Fé (5);

– Belo Horizonte (4);

– Kayser (4);

– São José (4);

– Rio Branco (3);

– Euzébio Beltrão de Queiroz (3);

– Reolon (3);

– Fátima (3);

– Centro (3);

– Marechal Floriano (2);

– Pioneiro (2);

– Montes Claros (2);

– Pio X (2);

– Lourdes (2);

– São Cristóvão (2);