Memória LEOUVE

O jogo do impeachment

O jogo do impeachment

Talvez você nem lembre mais, mas daqui a alguns dias, logo ali no início de agosto, ninguém duvida que o senador tucano Antonio Anastasia vai recomendar o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Sim, isso ainda está em jogo.

 

Depois disso, será uma questão de dias para a cassação definitiva da presidente eleita, afastada agora há quase dois meses do Palácio do Planalto, e para a posse de Michel Temer como efetivo presidente até o final do mandato, lá em 2018.

 

Até aí, nenhuma novidade.

 

Mas o que pouca gente sabe, ou quer mesmo saber, é se há mesmo um crime a ser punido ou motivos para a cassação além da crise econômica e da derrota política.

 

Porque ninguém liga se, há poucos dias, o Ministério Público Federal pediu o arquivamento do inquérito contra Dilma porque não reconheceu os tais crimes de responsabilidade, e porque ninguém liga se a comissão técnica do Senado também não confirmou a tese da existência do crime nas tais pedaladas fiscais.

 

Aliás, é mesmo bem pouco provável até que alguns pouco senadores mudem de opinião por conta disso. Porque já não importam mais as provas, já não importam mais os motivos.

 

O certo é que Dilma já caiu e o impeachment já passou desde que Eduardo Cunha deu sinal verde, lá em dezembro do ano passado.

 

A verdade é que agora não se trata mais da consciência de ninguém, e nem importa mais quem será o presidente. Porque o Congresso já conquistou o que queria: um governo refém dos interesses do próprio Congresso.

 

É isso o que teríamos que esperar no improvável cenário de uma volta de Dilma, e é isso o que podemos esperar do definitivo governo de Temer: o jogo das concessões políticas e econômicas aos interesses dos setores mais bem representados no Congresso Nacional.

 

Um preço que poderá sair muito caro para a população, mas um preço que Temer já mostrou que está disposto a pagar.

 

 

Porque não se iluda: Temer enfrenta altos custos para a manutenção de seu governo, sim senhor, mas para ele é um preço que pode ser pago. O único preço que nem ele e nem os nobres deputados e senadores têm como pagar é a proteção contra a Lava-jato e contra o STF. A nós, reles mortais, nos resta esperar para ver.