Memória LEOUVE

O governo desenganado

O governo desenganado

Se havia alguma esperança pro temerário presidente, e algum resto de dignidade em um canto escuro do governo de Michel Temer, não existe mais.

 

A verdade é que não tem mais como sustentar o governo dos corruptos depois que Marcelo Odebrecht revelou ontem as doações milionárias e por caixa dois pra campanha que elegeu Dilma e Temer e confirmou que o presidente pediu dinheiro pra Odebrecht no famoso jantar do Jaburu.

 

E não adianta querer minimizar a participação dele dizendo que não se falou em R$ 10 milhões ou qualquer outra quantia. Ora, o então vice-presidente Temer convidou Odebrecht pra jantar no Palácio do Jaburu pra pedir dinheiro pras campanhas do PMDB dois meses depois do início da Lava-jato.

 

Por isso, nem importa se dá pra dizer que ele sabia que o dinheiro era de propina ou caixa dois. Todo mundo sabe disso.

 

E não tem mais como colocar a culpa nos amigos que até ontem eram seus homens de confiança. E, portanto, de nada vai adiantar demitir agora o Eliseu Padilha.

 

E nem adianta essa maquiagem pra camuflar a saída de seus homens fortes do governo por conta de problemas de saúde, como fez José Serra, denunciado por ter recebido R$ 24 milhões pra campanha de 2010, e agora faz o próprio Padilha.

 

Quem tem problemas de saúde é o governo.

 

Se quisesse fazer o papel do traído como fez Dilma em relação ao impeachment ou de quem não sabia de nada, como fez Lula lá atrás, no episódio do Mensalão, Temer já teria demitido Padilha e Moreira Franco. Mas nada fez. Ao contrário, Padilha seguiu prestigiado, e Moreira Franco foi até promovido.

 

A verdade é que, sabendo que não tem como curar a doença, Temer quer mesmo é esconder o diagnóstico.

 

Vejam só: nos primeiros dias do governo, Jucá e Geddel caíram como doentes terminais num jogo de cena pra manter as aparências, mas hoje, dez meses depois, o governo mantém seus padilhas e moreiras pelo mesmo motivo, e reforça o poder de renan, lobão e do mesmo jucá porque toda a doença é tratada com placebo depois que o PMDB virou apenas uma organização com fins lucrativos.

 

E não tem como dizer que esse apodrecimento do partido não é culpa direta dos políticos que o controlam, e quem controla o PMDB há 15 anos é o próprio Temer. Não há coincidências.

 

 

Por isso mesmo, não é à toa que o núcleo duro do governo tá atolado até o pescoço nas denúncias de corrupção.

 

 

O fato é que o depoimento do Marcelo Odebrecht acertou em cheio nos governos de Dilma e de Temer. Dilma já caiu, e Temer agora só não cai se conseguir empurrar com a barriga o julgamento no TSE como se fosse uma cirurgia eletiva pelo SUS.

 

 

Mas mesmo que Temer cumpra o mandato até o final, ele será sempre um presidente doente respirando por aparelhos na UTI de um governo desenganado.