Memória LEOUVE

O crocodilo, o lobo solitário e o bode morto no meio da sala

O crocodilo, o lobo solitário e o bode morto no meio da sala

Depois de um breve período como um crocodilo imóvel como pedra à beira do rio, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha abriu de novo a bocarra pra vociferar mais uma ameaça.

 

E o bramido de Cunha foi claríssimo: ele quer entrar pra história como o homem que derrubou dois presidentes do Brasil.

 

Com metade da ameaça cumprida, afinal de contas, ele já conseguiu derrubar a Dilma, resta saber se a mordida será forte o suficiente pra derrubar também Michel Temer.

 

Todo mundo sabe que ele tem dentes afiados pra rasgar meio mundo, mas a questão aqui é saber qual será o preço da mordida ou quem vai pagar pra ele ficar de boca fechada.

 

Não custa lembrar que não é de hoje que Cunha ameaça com chantagens em troca de apoio pra tentar pelo menos manter o mandato de deputado federal e claro, o foro privilegiado pra não cair nas mãos do caçador de crocodilos Sérgio Moro.

 

Pois agora o crocodilo quer virar mesmo é um lobo solitário, e já mostrou que pode até entregar toda a alcateia pra salvar a própria pele: neste fim de semana, uma reportagem de uma revista semanal promete mostrar o teor de uma suposta gravação de uma ligação que Cunha teria feito pro interino Temer, onde os dois conversam animadamente sobre parcerias no setor portuário (outra caixa preta que, se for aberta, vai libertar cobras e lagartos), em que eles teriam articulado pra mudar a lei dos portos pra beneficiar um grupo econômico que teria agradecido com uma singela doação de R$ 1 milhão ao temerário. Somando aos R$ 5 milhões que o Cunha já disse que Temer recebeu do petrolão…

 

Mas o crocodilo que quer vestir a pele do lobo pode acabar mesmo é virando um bode morto no meio da sala cheia de cúmplices do passado que não suportam mais a catinga do cadáver político de Cunha.

 

 

O certo é que, se a carapuça de lobo servir, Cunha acerta a delação premiada e conta tudo o que sabe. E se ele contar o que sabe, meus amigos, nem o temerário interino resiste. É o tal do negócio: se gritar pega ladrão… não fica um.