Memória LEOUVE

O chefe mandou

O chefe mandou

Nestes últimos 30 anos compareci e acompanhei muitas sessões legislativas. Minha chegada a Bento Gonçalves coincidiu com a mudança da sede da Câmara que desde 1985 está no edifício Centenário, na rua Dr. Casagrande.

 

De lá para cá vi o número de vereadores descer de 21 para para 11 e novamente subir para 17. Acompanhei muitas reviravoltas em eleição da mesa diretora, onde raramente quem era tido como favorito levou e, normalmente, quem comandava a Casa acabou reconduzido ao cargo para acomodar as melancias.

Vi gente bem intencionada naufragar, metidos a esperto levarem vantagem, mas às vezes quebrando a cara também. E alguns quietinhos irem se reelegendo eleição após eleição sem terem apresentado qualquer projeto.

 

Mas, confesso, não lembro de sessões tão interessantes como as últimas deste ano, ambas realizadas na quarta-feira. Podem até ter acontecido, mas não estive presente, ou o tempo fez a memória esmaecer estas lembranças.

 

A votação era sobre aumento de imposto, sempre gera polêmica. Devo confessar que fiquei com vergonha. Ninguém que representasse o Governo foi defender a proposta, certamente porque era indefensável, ou não?

 

Não se explicou para vereadores e não se deu satisfação ao público presente. Falhou ou faltou um Secretário de Governo, uma comunicação social. Lamento dizer, mas novamente a máquina do Executivo atropelou e foi arrogante. Não explicou nada a ninguém, simplesmente impôs o que quis. Brincaram de “siga o líder”.

É um momento triste porque é para o povo e em nome do povo que se governa. Vereadores cada vez mais deixam claro que para eles importa é terem cargos pra distribuir entre seus cabos eleitorais.

 

Sinceramente não pensei que fosse chegar nesta idade, com mais de 50 anos nas costas, ainda com a capacidade de me decepcionar. O momento, como bem frisou o vereador Paulo Roberto Cavalli, não dá margem a que se imponha novos sacrifícios ao povo. Além disso, impor sem discutir tem se tornado marca da atual administração. Será que precisa ser assim?