Ontem, aqui mesmo nesse espaço que divido com vocês, eu disse que uma eventual mas pouco provável delação premiada do todo poderoso Eduardo Cunha teria o efeito devastador de uma bomba atômica na patuleia dos corruptos que comandam o país.
Se vocês lembram, eu disse aqui que isso seria o verdadeiro choque de realidade pro país, o caos inevitável e a única redenção possível.
Porque depois de derrubar um governo que conviveu por 14 anos com a corrupção histórica nas instituições e colocar em seu lugar os corruptos de sempre pra seguir incólume a sanha de corromper e ser corrompidos, as máscaras inevitavelmente vão caindo.
Se os 14 anos do governo petista se encerram melancolicamente com o impeachment inevitável da presidente Dilma sob o tacão do todo poderoso, os 30 dias do governo interino se derretem à luz de uma verdade que já é impossível negar.
É o sistema político desse país que está carcomido há décadas e décadas amém, e que mantém esse esquema imoral da corrupção que sangra o país a cada escândalo que vem à tona hoje, do petrolão de agora à reeleição de FHC.
Por isso, é preciso de uma vez por todas entender que só uma mudança radical desse sistema pode passar o país a limpo e deixar seguir adiante.
É preciso dizer em alto e bom som que estamos cansados desses partidos e seus interesses, desses líderes que não nos representam, desses conchavos que só servem pra manter sempre os mesmos na sombra do poder.
O que precisamos é de instituições fortes que estourem a bolha da corrupção inflada pelos políticos.
E, pra isso, precisamos de uma constituinte exclusiva pra mudar esse sistema, uma assembleia eleita com uma participação minoritária dos políticos tradicionais e com a maioria de representantes da sociedade organizada.
As centrais dos trabalhadores, as federações dos empresários, as entidades jurídicas, os conselhos educacionais. Gente em quem a gente possa confiar.
Todos com o compromisso de não disputar cargos logo adiante, todos com o compromisso de fazer realmente a nossa cidadania ter valor real, o valor de um voto que possa ser digno de uma democracia madura.
Como fazer eu não sei, mas eu sei que só assim poderemos voltar a ter orgulho de ser brasileiro, e não desistir nunca.