O bom enoturismo se faz nos supermercados da capital

Vivemos na região que mais e melhor produz vinhos no Brasil. Maio, este mês que chega ao final com um frio brindado por produtores e vendedores de roupas, marca os 141 anos da imigração italiana, justamente estes imigrantes que trouxeram ao Brasil as primeiras vinhas.

Pois encontramo-nos justamente no período de celebração desta bebida tão saudada por poetas e médicos. De padres a boêmios, de românticos a prostitutas, a uva, o vinho e seus derivados encontram unanimidade.

Mas, parece haver uma exceção. Há um lugar em que este apreço não é benéfico: nos escritórios da receita federal. Lá, a bebida é considerada artigo de luxo e, como tal, taxada e sobretaxada. Engorda as burras do tesouro e impede que seja apreciada por muitos consumidores. Pior, faz com que as vinícolas nacionais não consigam pagar melhor aos produtores primários, nem gerar mais empregos.

Algo sempre reclamado por turistas e moradores da região da serra é que aqui, onde se produz a bebida, não seja oferecida qualquer vantagem ao consumidor. Aliás, seria interessante que atentassem para isto as lideranças do setor e os empresários da cadeia vitícola. O bom turismo para enófilos consumidores que tenham apreço pelo seu poder aquisitivo – ou que tenham bom gosto mas salário baixo – não se dá na serra gaúcha. Dá-se nas maiores cadeias supermercadistas de qualquer capital. Lá são encontrados bons varietais argentinos e chilenos por menos de 20 reais a garrafa. Vinhos nacionais similares não podem ser adquiridos por menos de 30 reais. E falamos disto em época de dólar valorizado.