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O adeus anunciado e a volta dos que nunca foram

O adeus anunciado e a volta dos que nunca foram

Este 12 de maio é um dia que entra para a história da Nação brasileira. Para o bem ou para o mal, o governo Dilma acabou nesta manhã de quinta-feira de ressaca, e com ele se encerra um ciclo de virtudes e defeitos que marcaram os pouco mais de 13 anos do PT no poder.

 

Virtudes que fizeram milhões de pessoas saírem da miséria absoluta, que valorizaram como nunca o salário mínimo, que depois de 30 anos de inércia de todos os governos, investiram, ainda que muito pouco perto da necessidade, em infraestrutura.

 

Defeitos porque quis aparelhar o governo e se perpetuar no poder, defeitos porque teve de vender a alma ao diabo para governar e se aliar a inimigos íntimos, defeitos porque não combateu a corrupção como devia; ao contrário, deixou que ela tomasse as entranhas do poder.

 

O governo Dilma acabou na maciça votação dos senadores pela abertura do processo de impeachment, com 55 votos favoráveis, que agora caminha para confirmar o que já está definido há mais tempo.

 

Na prática, o governo Dilma acabou na reeleição, em 2014, ou ainda antes, naquele fatídico junho dos 20 centavos de 2013. O governo acabou na ineficaz condução da economia e na falta de habilidade para compor o apoio político. Acabou quando o governo maquiou as contas públicas com o represamento dos preços fixados pelo poder público, aqueles da luz, dos combustíveis, e que depois estouraram em aumentos explosivos pro bolso de cada um de nós. E nós estamos ainda pagando esse preço.

 

Acabou quando optou por uma política de arrocho para segurar a crise que só ampliou o desemprego, aumentou a inflação e inibiu ainda mais o crescimento econômico.

 

O governo Dilma acabou em grande parte pelos seus próprios erros, e isso é inegável. Para além das pedaladas, para muito além dos decretos de siuplementação de verbas, para além da chiadeira de que não há crime, para além das acusações de golpe, Os brasileiros estão amargando as consequências dos verdadeiros crimes praticados pela presidente, e que não estão no código penal: uma recessão profunda, um desemprego recorde e uma crescente perda de renda da população.

 

Já não cabe mais denunciar que não havia crime para cassar um presidente, que o novo governo está cjheio de investigados por corrupção ou até que o momento exigia um plebiscito de consulta à Nação, porque esse Congresso, definitivamente, não nos representa.

 

O governo Dilma está derrotado inapelavelmente, e não há a mínima perspectiva de que o resultado do processo no Senado tenha outro desfecho, e agora já não cabe denunciar que não havia crime pra cassar um presidente, ou que o novo governo está cheio de investigados por corrupção ou que o momento exigia um plebiscito porque esse Congresso não nos representa.

 

É preciso pensar adiante e assegurar que o impeachment não mergulhe o país em uma noite de trevas. Porque entre a esperança de um novo governo de renovação que ponha o país novamente nos trilhos e a expectativa real do governo Temer há uma inevitável contradição.

 

Porque o que vemos agora é a volta dos que nunca foram, o que vemos é um PMDB que governa esse país há mais de duas décadas, tomar as rédeas do poder.

 

Se Temer tiver que pagar os votos do impeachment enquanto governa, a perspectiva é no mínimo desanimadora, porque o novo governo terá de compor com o que há de pior na política brasileira. Que a terra nos seja leve.