Memória LEOUVE

Na areia movediça da violência

Na areia movediça da violência

Atolado até o pescoço na areia movediça da violência crescente no estado, o governador José Ivo Sartori anunciou esta semana que vai chamar 500 policiais militares pra atuar em escolas e nos escritórios administrativos e no videomonitoramento. Ninguém nas ruas.

 

Além deles, mais 683 concursados devem engrossar a folha do estado. Entre eles estão 421 PMs, 101 bombeiros, 141 agentes da Polícia Civil, aí sim, gente que efetivamente vai pras ruas resolver crimes e caçar a bandidagem.

 

O governador também deixou no ar a esperança de abrir um novo concurso pra segurança nesse ano. E ponto final.

 

Tudo isso com a cerimônia como se fosse uma grande reação à criminalidade.

 

Mas infelizmente não é. E, como na areia movediça, estamos afundando aos poucos.

 

Porque enquanto Sartori discursa, mais gente morre, outro carro é roubado e você fica com mais medo de sair de casa e não voltar, ou voltar de mãos vazias.

 

E enquanto são as palavras que ecoam vazias no salão nobre do Palácio Piratini, os números do primeiro trimestre desse ano mostram um dos períodos mais violentos aqui na serra depois que 2016 se consagrou como o ano mais violento da história por aqui.

 

E, como o atolado na areia movediça, quanto mais se debate mais afunda, o pior de tudo é saber que os crimes devem continuar com força por conta do baixo efetivo policial, da falta de vagas no sistema penitenciário, do avanço do tráfico de drogas e da crise econômica.

 

E não há um galho pra se segurar, não há uma reação à vista.

 

 

A verdade é que, apesar de toda a riqueza produzida aqui pro estado, e mesmo que o governador seja daqui e, em grande parte, tenha sido eleito pela estrondosa votação que recebeu em todas as cidades da serra, a região não recebe atenção e contrapartida.

 

Na prática, nenhum investimento ou mobilização foi destinado pra serra, além do próprio esforço dos incansáveis soldados e agentes da segurança, mesmo que o discurso oficial tente nos convencer todos os dias que somos prioridade.

 

Mas que prioridade é essa, senhor governador?

 

Que prioridade é essa que faz um secretário prometer reforço no efetivo e não cumprir? Onde até o policiamento comunitário que já foi modelo por aqui não funciona?

 

 

 

Que prioridade é essa onde a violência está chegando cada vez mais perto de nossas casas e, logo logo, irremediavelmente, vai bater à nossa porta?