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Mulheres detidas como suspeitas de assalto a banco denunciam abuso policial

Mulheres detidas como suspeitas de assalto a banco denunciam abuso policial

As duas mulheres moradoras de Caxias do Sul investigadas por suspeitas de terem participado do assalto às agências bancárias do Banco do Brasil e do Banrisul em Fontoura Xavier, na região norte do Rio Grande do Sul, na quarta-feira, dia 8, garantem que são inocentes e afirmam que foram feitas reféns dos bandidos e que passaram por por momentos de tensão ao serem detidas pela polícia.

 

Elas foram ouvidas na Delegacia de Polícia de Arvorezinha e depois foram encaminhadas à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Soledade, onde a ocorrência foi registrada. Depois disso, elas foram liberadas ainda na quarta-feira porque a polícia não comprovou a participação delas no crime.

 

De acordo com a servidora pública Luciana Cristina da Silva, de 35 anos, que atua como técnica de enfermagem em Caxias do Sul, ela e Márcia Roberta dos Santos, de 42 anos, estavam em Fontoura Xavier durante a tarde da quarta-feira para visitar o Parque das Araucárias. As amigas teriam pedido informações sobre o local em um restaurante e foram aconselhadas a utilizarem uma estrada vicinal, de chão batido, para chegar ao local.

 

Durante o caminho, elas alegam que foram abordadas pelos assaltantes, que colocaram fogo nos carros que utilizavam durante a fuga, e embarcaram no Citroen Picasso onde elas estavam. Segundo Luciana, os ladrões obrigaram que elas seguissem pela estrada até o momento em que embarcaram em outros dois veículos que estavam no local.

 

Eles mandaram a gente descer para Arvorezinha, um deles colocou a arma na minha cabeça e disse ‘só vai, e se vocês forem abordadas antes do asfalto, e falarem alguma coisa, nós temos gente nossa na pista e vocês vão morrer”, relatou.

 

Mais a frente, as mulheres foram paradas em uma barreira policial e, segundo ela, por medo de que os bandidos as estivessem monitorando, Luciana não contou para os policiais o que havia acontecido, mas como eles localizaram coletes à prova de balas que pertenciam aos vigilantes dos bancos assaltados, elas foram detidas como suspeitas.

 

A partir desse momento, Luciana relata ter vivido momentos de tensão. Segundo ela, os policiais agrediram as duas de forma física e verbal, pedindo a todo momento que elas indicassem onde estaria o restante da quadrilha. Ela foi conduzida pelos brigadianos até a Delegacia de Arvorezinha, onde ela afirma que sofreram diversas ameças, inclusive que um dos policiais teria dito que mataria o cachorro de estimação das amigas, que estava com elas no momento da abordagem.

 

Um dos policiais colocou a arma na cabeça da minha amiga, engatilhou, e dizia: ‘fala vagabunda, fala vadia, fala o que tu sabe’. Pegaram a cachorrinha e disseram que iam metralhar ela (sic) se ela não falasse. O que a gente passou naquela delegacia ontem não existe”, lamenta.

 

Luciana, que afirma sofrer de síndrome do pânico e disse que toma remédios para tratar da doença, relatou que foi levada para um milharal, onde os policias a torturaram, colocando um saco de lixo na cabeça dela.

 

Ele botou luvas descartáveis, colocou um saco de lixo na minha cabeça e foi me enforcando até eu não conseguir mais respirar. Quando ele via que eu ia desmaiar, ele soltava”, relata.

 

A situação só ficou mais tranquila para as amigas quando elas foram encaminhadas para a Delegacia de Polícia da cidade de Soledade, onde prestaram depoimento para o delegado Guilherme Pacífico. Ele contou que ouviu a versão das duas amigas sobre a ocorrência e, como não haviam elementos suficientes para comprovar a participação no crime, elas foram liberadas, mas seguem sob investigação como suspeitas. O carro foi apreendido e será submetido à perícia.

 

Mesmo que por uma infelicidade de estar no lugar errado naquele momento, elas passam a entrar para a lista de suspeitos, pois junto ao carro delas foram encontrados os coletes roubados”, explica.

 

 

Luciana fez um desabafo através das redes sociais, e disse que inclusive pretende acionar corregedoria da Brigada Militar para que o caso seja levado adiante. A reportagem entrou em contato com a Brigada Militar de Arvorezinha, mas não foi possível falar com o comando local dos brigadianos, pois eles seguem efetuando buscas aos assaltantes.