Eu sei que tem muita gente desgostosa e contrariada. Há sobradas razões para tanto. A deposição de Dilma Rousseff, segunda de quatro presidentes eleitos no período de retorno à democracia, depois do golpe de 64, foi muito estranho mesmo. Interesses difusos – para muitos interesses claríssimos.
Muita coisa estava em jogo, sobretudo um modelo de gerir o país. Sim, os escândalos da Lava Jato, a derrocada da Petrobrás, as revelações de inúmeras delações premiadas levaram pelo ralo a pouco da frágil sustentação que o PT ainda tinha com a economia do país ruindo.
A votação fatiada no Congresso acabou gerando mais munição para o lado perdedor. A irresignação aumentou, combustível para protestos e estamos aí, como grito “fora Temer” ecoando forte e já com gente que defendia o fora Dilma engrossando o coro.
É assustador, porque pior do que decidir errado é não decidir, é protelar, é levar com a barriga e mudar a cada pouco. Some-se a isto as armas utilizadas na guerra da contrainformação. Cada vez mais notícias danosas, sejam elas falsas ou verdadeiras. E no meio desta guerra, cada vez mais gente se odiando e a economia sem sair do lugar e direitos sociais ameaçados, seja pela visão diferente do Governante, seja porque não há recursos para lastrear os gastos.
E até a compra de sapatos chineses pelo presidente Temer vira tema de debate. É muito antagonismo e pouca produtividade. Assim não vamos a lugar algum.