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MP retoma investigação sobre preço da passagem de ônibus em Bento

MP retoma investigação sobre preço da passagem de ônibus em Bento

O Ministério Público Estadual (MP) retomou esta semana a investigação sobre as suspeitas sobre o método na definição do reajuste do preço da passagem do transporte coletivo urbano de Bento Gonçalves. A continuidade da ação foi definida pelo julgamento de um recurso do vereador Moacir Camerini (PDT) contra a extinção do processo, ocorrido na terça-feira, dia 3 de junho, que julgou procedente o pedido e determinou a sequência das investigações. 

 

Desde 2013, existem dois inquéritos civis referentes aos reajustes da tarifa e, com o agravo do parlamentar, a Juíza da 2ª Vara Cível, Sônia Fátima Battistela, encaminhou a documentação para a promotoria. O Promotor de Justiça Cível Alécio Nogueira explicou que já estava sendo realizada uma apuração nos fatos que levaram ao aumento desde o primeiro inquérito, referente ao aumento de 2013, e, com o novo aumento, as duas ações populares, uma movida pelo vereador Camerini ainda no ano passado e outra por um cidadão em 2013, ambas relacionadas a questionamentos sobre o aumento das passagens, foram juntadas a mesma investigação.

 

Nos dois casos, a posição do MP foi de que não havia elementos para a concessão de uma liminar que revertesse os aumentos. Na ação movida pelo vereador, a juíza entendeu que, como não haviam esses elementos apontados pelo MP, a ação deveria ser arquivada. A Justiça local manteve o arquivamento, mas o TJ acatou o agravo do parlamentar, decidindo pela continuidade da ação. 

 

Para o promotor Nogueira, essa ação tende a durar anos, pois mesmo que haja uma decisão ainda efetiva no sentido de controle, nesse período existe a probabilidade de ocorrer outro aumento, por ser um país inflacionário. "Nesse caso a ação foi instituída basicamente com notícias de jornal e comparativo de notícias de site, apenas com base na inflação e comparação entre preços com tarifas de municípios, não houve elementos para concessão liminar, o resultado prático disso é que essa ação vai prosseguir, vai ter prova pericial mas é uma ação que tende a durar anos", explica. 

 

O paradoxo filosófico em que o herói grego Aquiles nunca ultrapassaria a tartaruga em uma hipotética corrida é citado como um exemplo do caso para Nogueira. Na hipótese, isso significa que, ao dar uma pequena margem para a tartaruga, Aquiles, segundo o paradoxo, nunca vai alcançá-la, porque a cada passo dele, a tartaruga já vai ter dado outro passo. "Vamos seguir atrás desse prejuízo até chegar a uma conclusão de mérito, então, é mais teórico do que prático", ressalta. 

 

Nogueira aguarda uma série de respostas das empresas solicitadas pelo Gabinete de Assessoramento Técnico do MP, como salário do motorista, preço do chassi, medição da diretoria, medição do número de passageiros, para analisar a validade dos cálculos.

 

"Na prática a ação popular de um lado suspende o meu inquérito, não posso fazer uma prova paralela quando essa questão já está judicializada, claro que o MP vai atuar nessa ação popular e pode até auxiliar na perícia com seus meios internos de avaliação, mas mesmo assim a prova é do autor da ação que no caso é um cidadão e isso demora um tempo, vai ter o prazo de defesa, o recurso e isso de certa forma vai postergar a análise da justiça no momento em que outros aumentos sejam feitos", justificou Nogueira. 

 

Para ele, é preciso investigar se os dados lançados na tabela Geipot levam mesmo a esse aumento, ou se existe um lucro excessivo. "Bento Gonçalves tem a tarifa mais cara do estado comparado a regiões metropolitanas", avalia o promotor, que espera que a perícia vá apontar se o aumento ocorre por ser uma região de custo de vida alto ou se existe abuso no valor. 

 

O reajuste da tarifa do transporte coletivo, seletivo e intermunicipal, de 13% foi publicado no Diário Oficial do município no dia 25 de maio, através do decreto de nº 9155/2016. O aumento deveria ter ocorrido em 1º de abril, conforme decretado pelo prefeito Guilherme Pasin.