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Mortes em acidentes com tratores preocupam agricultores da Serra

Mortes em acidentes com tratores preocupam agricultores da Serra

 

Dez produtores rurais morreram em decorrência de acidentes com tratores na região ao longo do ano de 2015. O número é alarmante e segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha, Olir Schiavenin, cresce anualmente.

 

O que a gente percebe, na verdade, é que a cada ano que passa, o número de tratores aumenta e por consequência o número de usuários também vem aumentando, haja visto que praticamente não existe uma família no meio rural que não disponha de um trator, que é um instrumento indispensável de trabalho na pequena propriedade. E os perigos são sempre iminentes. É como acidente de trânsito. Por mais cuidados que nosso produtor tenha, ele está sempre sujeito a sofrer esse tipo de acidente”, diz o presidente.

 

O último acidente fatal foi no domingo passado, dia 22 de novembro. Lourenço Bettoni, de 65 anos, morreu após o tombamento do trator no qual ele trabalhava na propriedade que fica na Linha Amadeu, segundo distrito de Farroupilha.

 

Também há vários casos de crianças que morreram pelo mesmo motivo. Em 2015, Ricardo Marion Basso, de 12 anos, morreu em Caiçara, na região do Médio Uruguai, depois que o trator em que trabalhava na propriedade do padrasto tombou sobre ele, no dia 13 de maio.

 

Segundo os especialistas, há causas para o aumento dos acidentes. Uma delas passa pela época. Na medida em que o inverno termina, os tratores são mais utilizados, o que naturalmente se reflete nos acidentes. “Os tratores vão mais a campo. Eles são muito mais utilizados do que em outras épocas. Algumas frutas estão em tempo de colheita. É época de pulverizar os parreirais. O número de acidentes está aumentando a cada ano que passa”, confirma Olir Schiavenin.

 

Os terrenos irregulares também contribuem para a incidência dos acidentes. “Muitos pomares e parreirais, onde agora o nosso produtor utiliza quase que diariamente os tratores, são terras bastante acidentadas, têm uma topografia muito irregular. É um fator que favorece o acidente”.

 

Mas também há o uso não adequado do equipamento. Há tratores que não foram feitos para serem usados em determinadas plantações. Pelo valor mais em conta ou para evitar a compra de outros veículos, produtores se arriscam colocando os tratores em atividades não recomendadas.

 

Muitas vezes o trator não é o mais adequado para aquela atividade. Não tem a proteção necessária e consequentemente quando tomba o agricultor fica desprotegido, sem cabine e muitas vezes o acidente é fatal. O acidente de trator é muito perigoso porque dificilmente o agricultor escapa”, admite o presidente.

 

Dentre as escassas atividades que visam evitar a morte dos agricultores em acidentes, está a elaboração de cursos. A Emater e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) disponibilizam um curso de manutenção de tratores. Uma das unidades tem módulos que tratam do uso adequado e com segurança dos utilitários.

 

O produtor é consciente. Ele faz o curso, tem muita prática. Mas é como o acidente de trânsito. Acontece uma falha mecânica, um ou outro fator interfere. Infelizmente, o agricultor muitas vezes morre por mais cuidado que ele tenha”, lamenta o Schiavenin.

 

 

Relembre os acidentes que mataram agricultores com trator na região em 2015.

 

12/01 (segunda-feira) – Caxias do Sul: Jurandi Milar, 68 anos, morreu no Hospital Pompéia, onde estava internado desde outubro de 2014 quando sofreu acidente de trator na localidade de Santo Antão na Terceira Légua. Ele ajudava um vizinho que havia atolado em uma propriedade. O trator tombou sobre ele.

 

 

20/01 (terça-feira) – Campestre da Serra: Antônio Carlos Rodrigues, 46 anos. Dirigia o trator na parte da tarde enquanto retornava para sua casa. Perdeu o controle e tombou na Capela Nossa Senhora das Graças.

 

 

28/02 (sábado) – Cotiporã: Sérgio Vianini, 45 anos, morreu no final da manhã após tombamento do trator na localidade de Capela São Roque. O acidente aconteceu na estrada que liga Cotiporã a Bento Gonçalves, que passava por obras naquele momento. Ele trafegava pelo acostamento.

 

 

08/06 (segunda-feira) – Bom Jesus: Aílton Costa de Lima, 31 anos. Morreu após capotar o trator no km 9 da ERS-110, estrada de asfalto, na localidade de Boca da Serra, por volta das 21h30. Ele era capataz de uma fazenda na região.

 

 

03/08 (segunda-feira) – Feliz: Tarcídio José Dresch, 56 anos. Morreu na parte da manhã na estrada da Servidão, em Coqueiral. O corpo dele foi encontrado a 30 metros do trator, já que segundo a polícia, ele se arrastou em busca de socorro até perder as forças e morrer.

 

 

17/08 (segunda-feira) – Flores da Cunha: Guerino Stuani, 62 anos, morto em acidente na localidade de Travessão Martins, no final da tarde. Ele estava roçando no parreiral quando o trator virou sobre ele.

 

 

03/09 (quinta-feira) – Feliz: Alceu Ruschel, 65 anos. Morreu às 07h30 enquanto manobrava o trator na própria fazenda, na localidade de Vale do Lobo.

 

 

07/10 (quarta-feira) – Bento Gonçalves: Luciano Burtet, 53 anos, faleceu após o trator tombar sobre seu corpo às 08h, na Linha Tomasi, em Tuiuty. Ele trabalhava em meio aos parreirais.

 

 

07/11 (sábado) – Farroupilha: Oscar Turcatti, 51 anos. Encontrado morto por volta das 17h, na Linha Amizade. Ajudava amigos a recolher capim em um campo às margens da estrada vicinal que liga a localidade ao centro. Ele caiu do carroção do trator que carregava o capim.

 

 

22/11 (domingo) – Farroupilha: Lourenço Bettoni, 65 anos, trabalhava em sua propriedade na Linha Amadeu, segundo distrito, por volta de 13h30. O trator tombou sobre ele. Foi removido por familiares, conduzido pelo Samu, mas faleceu no Hospital Beneficente São Carlos.

 

 

 

 

Ouça a entrevista com o presidente do Sindicato, Olir Schiavenin.