Dezenas de pessoas se reuniram para protestar contra o descaso por parte do Poder Público com a situação do residencial Novo Futuro e para pedir por mais segurança no local na manhã e na tarde desta quinta-feira, dia 2 de junho, em Bento Gonçalves.
Os moradores que realizaram o manifesto solicitam dos vereadores que seja criada uma CPI para fiscalização do residencial, e que o Ministério Público Federal, a câmara de vereadores e a prefeitura do município tomem alguma providência em relação ao condomínio.
Duas moradoras ainda dizem que a situação complica quando se trata da infraestrutura do local: os esgotos estão estourando, as águas estão correndo e o lixo não estaria sendo recolhido. Além disso, os moradores reclamam da falta de manutenção dos prédios. Outra reivindicação antiga deles é para que o contador de água deixe de ser central e passe a permitir a cobrança individual.
Uma das moradora do bloco I, Regina (essa não quis informar o sobrenome) alega não querer pagar um condomínio onde todos consomem água e apenas alguns pagam a conta. E ainda segundo ela um funcionário da prefeitura que trabalhava junto com o atual síndico, Luiz Jardim, se elegeu para o conselho tutelar e após a eleição nunca mais apareceu no residencial para ajudar. "Faz dois meses que não pago meu condomínio porque quero uma solução, a gente pede ajuda para o senhor Luiz Jardim e não recebe nada", desabafa.
"Nós pagamos uma taxa mensal para a manutenção e nem portão temos", denuncia a moradora Irenita Kuhn.
De acordo com a empresa que administra o condomínio no Novo Futuro, a inadimplência é o principal problema para a manutenção dos serviços. Menos de 30% dos moradores estariam pagando em dia os boletos. A dívida já estaria em cerca de R$ 800 mil, e uma reclamação judicial já teria sido encaminhada contra a Caixa Econômica Federal (CEF), ainda sem uma definição.
Regina lamenta que as pessoas não sejam tratadas com o respeito que merecem, pois o pessoal que mora no residencial trabalha para pagar suas contas. "A gente tá fazendo um movimento não contra os moradores do Novo Futuro, mas para o bem do Novo Futuro", afirma.
O Ministério Público Federal (MPF) foi procurado abriu um inquérito civil em janeiro para averiguar as denúncias, mas, de acordo com a moradora Maribel Sarate, também do bloco I, ainda não obteve resposta. "Queremos uma CPI dentro da câmara, pois entrou uma verba de 280 mil. e para onde foi esse dinheiro?", questiona.
O que incomoda os moradores é o fato de nunca ter tido uma fiscalização no condomínio, e que mesmo indo atrás de ações para melhorias, as respostas nunca chegam. O residencial foi construído com dinheiro do governo federal em um programa de habitação de interesse social, e deveria receber contrapartidas de entidades como a assistência social do município, o que, segundo os moradores eles estão abandonados quando . "O que temos aqui dentro? A lei do cangaço? Vão ter que indenizar 420 famílias se resolverem mover uma ação", avalia Maribel.
Os moradores aguardam respostas dos órgãos competentes, mas, enquanto isso, convivem com um sentimento de abandono.