Memória LEOUVE

Itália segue em alerta com medo de novos tremores

Itália segue em alerta com medo de novos tremores

A população da região central da Itália segue em estado de alerta depois que uma série de terremotos atingiu a região desde a terça-feira, dia 25. Enquanto calculam prejuízos e buscam forças para recomeçar, os italianos estão de prontidão, porque, a qualquer momento, novos abalos podem voltar a ocorrer.

Não há relato de feridos, mas entre dois e três mil moradores foram desalojados em diversas cidades da região. Houve desabamentos e danos, mas ainda não está clara a extensão dos estragos.

Na terça-feira, três terremotos, um de magnitude 5,5 na escala Richter, outro de 6,0, e um de 4,9, atingiram a região central do país com cerca de quatro horas de intervalo, informou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

O professor de gastronomia brasileiro Ubiratan Farias, que trabalha há sete anos na Itália, sentiu de perto a terra tremer. Ele estava na cidade de Téramo durante o primeiro sismo, a cerca de 60 km do epicentro dos tremores, Como estava em um shopping center que possui sistema anti-sísmico, não sentiu os efeitos.

Foi cerca de duas horas depois que ele passou a viver o medo dos tremores. Conforme relatou em entrevista ao Leouve nesta quinta-feira, Farias estava com a mulher e um grupo de brasileiros em uma cidade próxima de Téramo, jantando em um restaurante antigo, quando sentiu a terra tremer por volta das 21h20min da terça-feira.

“As paredes do restaurante, muito antigas, começaram a tremer muito. A estrutura começou a estalar e as pessoas começaram a gritar muito. Saímos todos, estava chovendo muito, e não conseguíamos ficar em pé no pátio, porque a terra temendo a gente perde a estabilidade e se segura no chão. Uma experiência muito traumatizante”, afirmou o brasileiro.

Ele revelou que os habitantes da região seguem em alerta, porque as autoridades afirmam que novos abalos poderão ocorrer.
Os abalos voltaram a ocorrer na quarta-feira, dia 26, em menor escala, e voltaram a preocupar os habitantes da região na noite da quinta-feira, dia 27.

 

As pessoas deixaram as casas por causa dos estragos, mas também por temer novos terremotos em Téramo, Camerino, Muccia, Visso, Ussita e Castelsantangelo sul Nera, segundo a agência Efe.

A zona afetada fica em uma região montanhosa, com vários pequenos povoados de difícil acesso, onde é impossível circular pelas estradas devido ao desprendimento de pedras. Nesta quarta, um forte tremor de 5,4 graus de magnitude atingiu Val Nerina, uma região entre as províncias de Perugia e Macerata.

Os tremores do final de outubro ocorrem pouco mais de dois meses após um outro, de magnitude 6,2 graus, também em uma região próxima a Perugia. Na ocasião, foram 298 pessoas mortas em Amatrice, Accumoli, Pescara e Arquata del Tronto, todas das províncias de Marcas e Rieti.

ENTREVISTA / UBIRATAN FARIAS

“Estamos todos de prontidão”

O professor de gastronomia Ubiratan Farias costuma receber grupos de brasileiros para conhecer a cultura enogastronômica da região central da Itália. O brasileiro mora há sete anos na Itália, e relatou ao Leouve sua experiência bem perto do epicentro dos terremotos que abalam a região desde a terça-feira.

P: Onde o Sr estava durante os abalos?

R: Eu e minha companheira Luana, estávamos em um shopping em Téramo e, por volta das 19h10min, escutamos alguns ruídos, aluns rumores, pessoas falando alto. Fomos ver o que era e estavam falando que estava tendo um terremoto. Na televisão já se falava. Peguei o carro um pouco preocupado e fomos embora.

P: Não sentiram os efeitos do terremoto?

R: Chegamos no restaurante onde é o nosso ponto de encontro dos trabalhos de expedição que faço, trazendo brasileiros para conhecer a cultura enogastronômica da região. Conversando com as pessoas, me falaram que tinha acontecido um terremoto de 4.9 graus, e nós não sentimos porque o shopping onde estávamos tinha sistema anti-sísmico, e amorteceu o abalo, mas ficamos preocupados.

P: Foi o segundo abalo que o deixou ainda mais preocupado?

R: Fomos jantar e, durante o nosso jantar, por volta das 21h20, sentimos o segundo abalo, que foi o mais forte, que chegou a 5.4 graus na escala Richter. As paredes do restaurante, muito antigas, começaram a tremer muito. A estrutura começou a estralar e as pessoas começaram a gritar muito. Saímos todos, estava chovendo muito, e não conseguíamos ficar em pé no pátio, porque a terra temendo a gente perde a estabilidade e se segura no chão. Uma experiência muito traumatizante. Logo em seguida, acalmou e entramos para o restaurante. As notícias começaram a chegar e soubemos que várias cidades sofreram com os abalos. Estamos apenas a 20km do epicentro, então foi muito forte mesmo.

P: A situação acalmou em seguida?

R: Estávamos muito nervosos, e aí adotamos um sistema de prevenção: os garçons colocaram taças com água nas mesas. Se a água começasse a mexer, todos sairíamos.

P: Como passaram a noite?

R: Fomos surpreendidos por novos terremotos um pouco menores. Realmente, é uma situação muito desagradável. Não conseguimos dormir, porque durante a noite sentíamos os abalos secundários e estávamos muito preocupados. Hoje amanheceu um dia bonito, fez sol, Mas agora á noite, fomos surpreendidos com um outro abalo.

P: Novos abalos ainda podem ocorrer?

R: A qualquer momento, pode voltar a tremer onde nós estamos, porque é uma área muito próxima do epicentro. Estamos todos de prontidão. Algumas estradas de acesso estão destruídas, mas as autovias estão liberadas.

P: O senhor espera que a situação se normalize logo?

R: Acredito que essa situação não deva terminar tão breve, porque alguns estudiosos falam que esse advento concretizou a formação de uma nova abertura sísmica, uma nova plataforma, que está se mexendo criando todos esses abalos. Acredito que isso não deve ser uma coisa que se resolva facilmente. A destruição é muito grande.