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Hospital de Gramado tem intervenção prorrogada e aposta em alta complexidade

Hospital de Gramado tem intervenção prorrogada e aposta em alta complexidade

Exatamente um ano depois do início da intervenção municipal no Hospital Arcanjo São Miguel (HASM), de Gramado, a prefeitura anunciou a prorrogação desse processo por mais seis meses. O prefeito João Alfredo de Castilhos Bertolucci, o Fedoca, assinou no sábado, 25 de fevereiro, o decreto que prorroga a intervenção até 25 de agosto deste ano, citando, entre outros, a necessidade de dar continuidade à regularização dos apontamentos dos órgãos de saúde que ainda estão pendentes e a finalização das melhorias em andamento.

 

De acordo com o interventor do hospital, Jeferson Moschen, que também é secretário adjunto de Saúde do município, hoje já não existem riscos para a continuidade dos serviços que provocaram a intervenção, mas ainda há etapas para conquistar o equilíbrio financeiro do hospital, o que ele prevê atingir neste ano, com a ampliação dos serviços e a profissionalização da gestão.

 

“A intervenção se deu no ano passado em função da ameaça de suspensão dos serviços de urgência e emergência. No decorrer disso, fomos aprofundando os serviços, e verificamos que temos 60% dos equipamentos estão obsoletos, a falta de manutenção preventiva, alvarás e outras licenças vencidas, e constatamos um passivo judicial de R$ 3,5 milhões. Então, entre manter o serviço, continuar o aprimoramento dos trabalhos junto aos funcionários, estamos tentando buscar a creditação hospitalar para diminuir os riscos de condenações, indenizações, e dar um melhor atendimento. Em cima disso, se faz necessário prorrogar a intervenção por mais 180 dias”, afirma Moschen.

 

Para o interventor, embora ainda não seja possível garantir a autonomia financeira do hospital, a fase mais crítica já passou. Para assegurar a manutenção dos serviços, a prefeitura garantiu um novo empréstimo, desta vez de R$ 1,2 milhão, ao hospital. O valor repassado, em duas parcelas iguais de R$ 600 mil, será utilizado para a manutenção do fluxo de caixa e deverá ser devolvido em 11 pagamentos.

 

 

“No ano passado, fomos trabalhando com doações, busca de algumas situações financeiras possíveis, o município emprestou dinheiro que devolvemos no final do ano e, agora, o município novamente emprestou mais recursos, que vamos descontar até o final do ano”, garantiu.

 

Moschen destaca a habilitação da UTI pelo SUS, conquistada este ano, e o crescimento dos atendimentos de emergência e da realização de cirurgias, por exemplo, como frutos desse trabalho. O hospital deve agora consolidar a oferta de serviços de alta complexidade em áreas como a neurocirurgia e a cardiologia, por exemplo, para garantir a sustentabilidade.

 

“Nós conseguimos habilitar a UTI, que era um serviço que não estava credenciado pelo governo federal, e com isso entram R$ 81,5 mil a mais por mês em caixa, o que ajuda consideravelmente. Exstamos querendo buscar um caminho de produtos próprios, como a contribuição de um cartão-amigo e agora vamos lançar em março o troco-amigo, isso tudo realmente facilita o nosso fluxo de caixa. Estamos também com um projeto de pactuação em brasília que está em vias de finalização da parte técnica, e a parte de alta complexidade temos dois serviços. Um depende de alguns ajustes para a liberação, que é a cardiologia de alta complexidade, e o outro seria justificado pelas distâncias até caxias, pela demora em conseguir vagas e pelo fluxo intenso de turistas, que é a tendência para conseguir um serviço de neurocirurgia de alta complexidade, que agregaria significativamente”, acredita.

 

Ele não estima prazo para que a intervenção seja encerrada, mas defende que, ao final do processo de intervenção, o hospital seja adquirido pelo município e que a gestão seja feita através da implantação de uma associação comunitária.

 

 

“Gostaria que nesses seis meses esteja tudo alinhado. Eu defendo a aquisição do patrimônio pelo município, porém, não acredito que o município deva assumir a gestão”, propõe.