Memória LEOUVE

História de pescador

História de pescador

Eduardo Cunha gosta de pescar. E, como todo bom pescador, ele é paciente e racional na arte de arremessar seu anzol.

 

Por isso, hoje, depois de um silêncio ensurdecedor, desses necessários pro sucesso de uma boa pescaria, o todo-poderoso Eduardo Cunha volta à cena com o caniço e o samburá afiados.

 

O afastado presidente da Câmara Federal vai falar. Ele convocou uma entrevista coletiva para hoje, e pouco mais se sabe. Mas não é preciso saber muito para esperar mais uma boa história de pescador.

 

É claro que ele deve afirmar com todas as letras que não vai renunciar ao mandato de deputado federal e nem sair da presidência da Câmara Federal.

 

Afinal, o que todo pescador quer é uma pescaria perfeita, em um local agradável, com ótimos peixes, boas brigas, parceiros de pesca agradáveis e clima favorável. E, convenhamos, não há lugar melhor para isso que o Congresso Nacional.

 

A verdade é que, entre a isca e o molinete, Cunha deixa o país na ponta do anzol.

 

O grande mistério na capital federal é saber se Cunha vai jogar sua isca para negociar uma delação premiada ou se vai voltar suas tarrafas contra o governo do temerário interino.

 

O certo é que o que dez entre dez citados na Lava-jato temem é que Cunha não vai aceitar cair sozinho.

 

E tem gente que garante que ele tem linha suficiente pra constranger o governo e até alguns togados do Supremo Tribunal Federal.

 

Todo mundo sabe que Cunha gosta mesmo é de pescar peixe graúdo.

 

Para isso, ele sabe que todo o pescador deve tomar precauções para não se arrepender de nenhum movimento e não cometer erros desastrosos.

 

Por isso, ontem mesmo, Cunha pediu autorização para voltar a navegar as águas do Congresso e se defender no processo que pretende cassar seu mandato.

 

Ainda não se sabe quem vai julgar esse pedido no STF, e talvez essa seja a única peça que ainda falta no quebra-cabeças.

 

Cunha quer pescar, e já convidou os amigos mais chegados.

 

Se cair na mão deles, ele escapa do pedido de prisão de Rodrigo Janot e parte pra reconstruir a parceria para a pescaria.

 

 

Mas, se a tese de Teori Zavascki prevalecer, ele cai definitivamente do barco, a Lava-jato fecha o cerco familiar e, dessa vez, vai ser o pescador quem vai morrer pela boca.