Memória LEOUVE

Governar ou gerenciar a crise?

Governar ou gerenciar a crise?

Está sacramentado: o ano que vem será pior que 2016. Pelo menos essa é a indicação depois que os nobres deputados gaúchos aprovaram, no início da noite de ontem, o congelamento da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) proposto pelo governador José Ivo Sartori.

 

Na prática, isso quer dizer que não teremos investimentos em áreas fundamentais e já carentes do estado, como a infraestrutura, a segurança, a saúde e a educação.

 

Sem reajustes e sem contratações, o que vamos ver é a penúria do estado aumentar e a incapacidade do governo para reagir diante das carências na saúde, da falência da educação e da insegurança galopante.

 

Pode esquecer as duplicações de estradas, nem pense naquele asfalto novo pra sua cidade que ainda tem acesso por chão batido. Um equipamento novo para o hospital? Uma reforma estrutural na escola do seu filho? Vai ser ainda mais difícil no ano que vem.

 

E não adianta cobrar mais ousadia do gerentão Sartori, e não há esperança que faça a gente acreditar que alguma iniciativa criativa vai nos tirar da crise, a não ser, claro, a anunciada, aprovada e maravilhosa volta dos pedágios.

 

Em um ano e meio de governo, o gringo aumentou impostos, subiu a alíquota do ICMS mesmo tendo prometido que não faria isso e conseguiu até uma pedalada amiga da dívida com a União, mas nada de aliviar o bolso. E ele segue mandando pedalar salários, anunciando cortes no orçamento, cancelando nomeações de policiais aprovados em concurso, suspendendo o pagamento de fornecedores, congelando repasses a hospitais e barrando reajustes ao funcionalismo.

 

Infelizmente, não é preciso ter bola de cristal pra saber onde isso vai dar: hospitais à míngua, escolas aos pedaços, estradas esburacadas, servidores insatisfeitos e as polícias enxugando gelo.

 

É certo que Sartori herdou um estado amarrado na incapacidade financeira, e eu mesmo já disse aqui que acredito que o governo precisa sim adotar medidas duras e muitas vezes impopulares para sair da crise, mas, depois de um ano e meio de penúria e choradeira, é preciso pelo menos acenar com dias melhores.

 

Afinal, já é mais que tempo do Sartori mostrar que pode ser mais que um administrador de crises e oferecer alguma alternativa, se não para colocar o estado de volta ao caminho do crescimento, ao menos para estancar essa sangria que faz o estado cada vez menor e com serviços cada vez piores.

 

 

Mas, infelizmente, não é o que se vê no horizonte. E a gente bem sabe quem vai seguir pagando essa conta: eu e você.