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Futuro do Banrisul é debatido em Bento Gonçalves

Futuro do Banrisul é debatido em Bento Gonçalves

Na primeira Audiência Pública realizada pela Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul, presidida pelo vereador Moacir Camerini (PDT), diversas lideranças de entidades sindicais do município e do Estado manifestaram sua apreensão pelo risco de privatização do banco gaúcho. A reunião de trabalho, realizada na noite de terça-feira, dia 28, também trouxe ao plenário da Câmara de Bento Gonçalves um grande número de servidores da instituição financeira e de outros estabelecimentos bancários da cidade.

 

Conforme Camerini, a frente é a primeira instalada nos municípios do Rio Grande do Sule tem o objetivo de fortalecer a mobilização contra a venda do Banrisul, que chegou a ser indicada como uma das possíveis condições para garantir a renegociação da dívida gaúcha com a União. “Bento Gonçalves e a nossa Câmara não poderiam ficar de fora desse debate tão importante para o estado, que é a defesa do Banrisul como banco público, porque ele é um patrimônio do nosso povo. Nós temos uma avaliação e que foi muito debatida na audiência de que a venda do banco não irá resolver os problemas da crise financeira aqui no RS", afirmou.

 

Durante o encontro foram definidos dois encaminhamentos ao governo do Estado. Um deles é que o Executivo gaúcho cobre do governo federal a reposição das perdas com a chamada Lei Kandir, que desde 1996 estendeu a isenção de ICMS nas exportações para produtos primários ou semielaborados, entre outros – de lá para cá, o ressarcimento da União aos cofres estaduais teria ficado em apenas 20% do valor efetivamente devido, gerando um passivo de R$ 48 bilhões.

 

O outro ponto diz respeito aos benefícios fiscais concedidos pelo próprio Estado. A intenção é ter acesso a relação dos privilégios atualmente garantidos pelo Governo, para que a sociedade tenha condições de saber o impacto anual que eles representam nas finanças públicas e se, de fato, são necessários em um momento de crise. A revisão desta lista de vantagens poderia render uma nova ferramenta de economia.

 

No espaço aberto às manifestações, o diretor da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), Fábio Soares Alves, destacou a grande mobilização construída no Estado, sobretudo nos últimos meses, e ressaltou os números positivos registrados pelo banco, que em 2016, por exemplo, teve lucro de R$ 643,5 milhões. “De todo financiamento bancário no Rio Grande, praticamente um terço vem do Banrisul. Ele é um dos poucos bancos estatais que sobreviveram às privatizações, e tem se mantido muito bem”, aponta Alves.

 

Outro dirigente que ocupou a tribuna foi Luiz Carlos dos Santos Barbosa, também diretor da Fetrafi-RS, e salientou que a pressão popular pela manutenção do órgão público tem a visão voltada para o futuro, no sentido de retirar esse tema definitivamente da discussão. “Temos que matar esse assunto agora, para que nenhum outro governante pense em voltar a esse debate mais à frente. Podemos ganhar, mas a sociedade precisa estar informada e preparada”, destaca. 

 

Funcionários do Banrisul de Bento Gonçalves também se manifestaram. O gerente-adjunto de uma agência da cidade, Edson Fenner, agradeceu o empenho da Frente Parlamentar. “É primordial termos alguém que nos defenda nesse momento tão importante. Acredito que, a partir de agora, isso vai se estender para outras Câmaras e, de alguma maneira, vai chegar onde deve chegar. Com a iniciativa de pessoas que consigam entender o que está se passando, nós temos mais força. De cidade em cidade, nós podemos aumentar esse movimento e mudar essa situação”, disse

 

Além de Camerini como Presidente, a Frente Parlamentar tem como vice-presidente o vereador Agostinho Petroli (PMDB). Os vereadores Idasir dos Santos (PMDB), Sidinei da Silva (PPS) e Jocelito Tonietto (PDT) – ausente na Audiência – são os demais membros.