Memória LEOUVE

'Estamos todos de prontidão', diz brasileiro na Itália

'Estamos todos de prontidão', diz brasileiro na Itália

O professor de gastronomia Ubiratan Farias costuma receber grupos de brasileiros para conhecer a cultura enogastronômica da região central da Itália. O brasileiro mora há sete anos na Itália, e relatou ao Leouve sua experiência bem perto do epicentro dos terremotos que abalam a região desde a terça-feira.

P: Onde o Sr estava durante os abalos?

R: Eu e minha companheira Luana, estávamos em um shopping em Téramo e, por volta das 19h10min, escutamos alguns ruídos, aluns rumores, pessoas falando alto. Fomos ver o que era e estavam falando que estava tendo um terremoto. Na televisão já se falava. Peguei o carro um pouco preocupado e fomos embora.

P: Não sentiram os efeitos do terremoto?

R: Chegamos no restaurante onde é o nosso ponto de encontro dos trabalhos de expedição que faço, trazendo brasileiros para conhecer a cultura enogastronômica da região. Conversando com as pessoas, me falaram que tinha acontecido um terremoto de 4.9 graus, e nós não sentimos porque o shopping onde estávamos tinha sistema anti-sísmico, e amorteceu o abalo, mas ficamos preocupados.

P: Foi o segundo abalo que o deixou ainda mais preocupado?

R: Fomos jantar e, durante o nosso jantar, por volta das 21h20, sentimos o segundo abalo, que foi o mais forte, que chegou a 5.4 graus na escala Richter. As paredes do restaurante, muito antigas, começaram a tremer muito. A estrutura começou a estralar e as pessoas começaram a gritar muito. Saímos todos, estava chovendo muito, e não conseguíamos ficar em pé no pátio, porque a terra temendo a gente perde a estabilidade e se segura no chão. Uma experiência muito traumatizante. Logo em seguida, acalmou e entramos para o restaurante. As notícias começaram a chegar e soubemos que várias cidades sofreram com os abalos. Estamos apenas a 20km do epicentro, então foi muito forte mesmo.

P: A situação acalmou em seguida?

R: Estávamos muito nervosos, e aí adotamos um sistema de prevenção: os garçons colocaram taças com água nas mesas. Se a água começasse a mexer, todos sairíamos.

P: Como passaram a noite?

R: Fomos surpreendidos por novos terremotos um pouco menores. Realmente, é uma situação muito desagradável. Não conseguimos dormir, porque durante a noite sentíamos os abalos secundários e estávamos muito preocupados. Hoje amanheceu um dia bonito, fez sol, Mas agora á noite, fomos surpreendidos com um outro abalo.

P: Novos abalos ainda podem ocorrer?

R: A qualquer momento, pode voltar a tremer onde nós estamos, porque é uma área muito próxima do epicentro. Estamos todos de prontidão. Algumas estradas de acesso estão destruídas, mas as autovias estão liberadas.

P: O senhor espera que a situação se normalize logo?

R: Acredito que essa situação não deva terminar tão breve, porque alguns estudiosos falam que esse advento concretizou a formação de uma nova abertura sísmica, uma nova plataforma, que está se mexendo criando todos esses abalos. Acredito que isso não deve ser uma coisa que se resolva facilmente. A destruição é muito grande.

 

Ouça a entrevista na íntegra: