Eu vejo uma cidade rendida, um estado prostrado. Eu vejo a impunidade e a criminalidade vencedoras. Nos rendemos, nos entregamos. Nos contentamos ao avaliar que “foi bom ter esta conversa”. Parece que ficamos felizes porque o comando da Brigada Militar pôs os números sobre a mesa. Foram três horas e meia de reunião na fria noite de terça-feira e conversar parece tudo o que nos resta. Lamentou-se o promotor público; queixou-se o delegado; disse estar mantendo conversas com o prefeito e, por fim o presidente da entidade lojista disse que o resultado do encontro foi positivo.
Acho que não entendi.
Na reunião promovida pela CDL em Bento Gonçalves na noite de terça estiveram reunidas as forças de resistência à criminalidade. De fato me lembra algum filme da segunda guerra, quando intelectuais e alguns nobres se reuniam em porões de uma Paris ocupada e com duas pistolas imaginavam vencer o III Reich e seus panzer. Lá nesta reunião se revelou que o número de assaltos ao comércio no mês de junho de 2016 é o triplo do que aquele registrado no mesmo mês em 2015, ou 35 contra 12. E de proposição mesmo, ficou ressaltada a importância de registrar as ocorrências.
Imagino a alegria dos comerciantes ao receberem a notícia.
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OK! Feito o desabafo inicial, também tivemos boas notícias. Haverá investimento em novos softwares e cedência de civis pela prefeitura para realizar o monitoramento das câmaras de vídeo, liberando policiais para as ruas. A prefeitura vem agora dizer que tem investido em segurança. Mas não é a ela que cabem os maiores investimentos e proposições – exceção talvez quanto ao imobilismo no tocante à construção do novo presídio, que acabou por se tornar uma espécie de lenda urbana.
O que vemos nesta questão da segurança pública é um retrato de um país que sucumbiu à leniência, ao descaso para com os malefícios da corrupção endêmica. Não, a corrupção não surgiu com o governo do PT, ela foi desnudada neste governo e agora, ministro Eliseu e Senador Calheiros, não dá pra voltar atrás. Os bilhões desviados todos os anos (estima-se em até 200 bi num ano) estão fazendo falta em áreas tão essenciais como as da saúde, da segurança e da geração de novos empregos.
Enquanto o nosso regramento jurídico põe na rua em poucas horas assaltantes que vão reincidir em seguida, enquanto há gente querendo parar a Lava jato, enquanto se continuar achando que construir presídio não dá voto, vamos continuar registrando ocorrências. Fazer o BO é muito importante, entregue tudo, saia vivo do assalto e vá à delegacia.
