Memória LEOUVE

Eles se salvarão, para nosso pesar

Eles se salvarão, para nosso pesar

Estratagema, nuvem de fumaça, teoria conspiratória. “No creio em brujas, pero que las ai”… Dizer que a operação Carne Fraca foi dada a conhecimento do público para encobrir novas e bombástica revelações da lista de Janot, na operação Lava Jato é um exagero, mas certamente ela enfraqueceu o tema por alguns dias.

 

Temos sido brindados com tamanhos escândalos que mais um menino morto por motorista embriagado, que uma execução na pracinha em frente ao Palácio Piratini, nada disto terá capacidade de nos chocar a ponto de sairmos à rua em protesto.

 

No meio disso tudo o senador Romero Jucá – é aquele da suruba – disse que uma nuvem preta paira sobre os políticos e que o virá sem eles será uma aventura. Sinto dizer, mas ele tem razão. Só que são as atitudes dos próprios políticos que levam a classe média a pensar em afastá-los e trocar pelo belzebu que vier, pois pensam ser impossível um cenário pior.

 

Em meio a todas estas revelações de propinas, de desvios de milhões de reais, aliás bilhões, que deveriam estar sendo direcionados ao bem estar social, às obras de infraestrutura e a um Brasil competitivo. Justamente em meio à revelações tão bombásticas quanto uma reforma da previdência que castigará a classe trabalhadora e uma reforma trabalhista que, embora necessária, novamente só afetará os trabalhadores que já são os menos protegidos. É em meio a este momento tão delicado que a classe política, mais uma vez, encontra um jeito de se auto preservar.

 

Está na mesa a proposta de eleições com lista fechada de candidatos. Pra que se entenda, ela se assemelha à eleição das chapas de Grêmio e Inter nas eleições para o Conselho destes clubes. Quanto mais votos uma lista recebe, maior o número de cadeiras terá. E entram para o Conselho, ou para a Câmara os primeiros da lista até o número de cadeiras do partido ou coligação ser preenchida.

 

A vantagem do sistema é que ele reduz a necessidade dos candidatos saírem à cata de dinheiro para a campanha. Mas há uma incongruência muito grave. Os caciques dos partidos, os políticos com mandato, terão favorecida a sua eternização no cargo. Cria-se uma casta que dificilmente seria removida do poder. O político eterno.

 

 

E onde está o perigo disso acontecer? Ora, com esta classe política que aí está não há a menor possibilidade de mudarmos o Brasil. Perpetua-se o clientelismo, os favores e enriquecimento dos mesmos de sempre. Um cenário desolador, enfim.