O vencedor das eleições presidenciais do Uruguai, o candidato de esquerda Tabaré Vázquez, se comprometeu neste domingo (30) a trabalhar "com o máximo" de suas capacidades contando "com todos os uruguaios" para que lhe acompanhem para conseguir um país "que pode melhorar mais".
"Estão convocados todos para o diálogo que queremos que seja sem preconceito, mas com lealdade, produtivo, que leve a decisões concretas e sustentáveis, e que sem ignorar ninguém e abrangendo a todos reflita a maioria, porque isto é a alma da democracia", afirmou Vázquez, médico oncologista de 74 anos.
Com 100% das urnas apuradas, Vázquez obteve 53,6% dos votos, contra 41,1% do seu adversário conservador, Luis Lacalle Pou.
Respeitado por ter conseguido impulsionar a economia e reduzir a pobreza em seu primeiro governo (2005 e 2010), Vázquez tomará posse em 1º de março para suceder seu aliado José Mujica, um ex-guerrilheiro, de 79 anos.
Mesmo sendo mais moderado do que Mujica, Vázquez é considerado uma garantia da continuidade de várias iniciativas aprovadas pelo atual presidente, apesar de ter se oposto no passado a leis como a do aborto e de se preocupar com o impacto na segurança da legalização do cultivo e venda de maconha.
"O Uruguai de hoje não é o de 2005 nem o de 2010, não é perfeito nem o será, mas é a cada dia melhor e pode melhorar mais", assinalou Vázquez em entrevista coletiva, após saber que os resultados de boca de urna apontavam sua vitória.
Ap
ós uma mensagem de agradecimento a, entre outros, sua equipe e a todos os cidadãos por ter feito de hoje um dia de paz, o candidato quis mandar uma saudação a Lacalle Pou e a seu companheiro de chapa, Jorge Larrañaga, além de a todos os cidadãos que lhes apoiaram.
"Não se trata de perseguir quimeras, mas de olhar de frente para a realidade e a partir dela fixar objetivos ambiciosos, mas alcançáveis", acrescentou Vázquez, para quem algumas dessas metas são "imediatas" e outras de mais longo prazo, mas todas devem ser encaradas "com perspectiva estratégica rumo certo, condução confiável e sentido de nação".
Em seu discurso quis lembrar que se completam 30 anos do pleito que marcou o fim da ditadura militar (1973-1985) e da restauração da democracia no Uruguai.
"Hoje, exatamente 30 anos depois, os uruguaios novamente dizem sim. Sim a mais liberdades e mais direitos, melhor democracia e melhor cidadania. Mais desenvolvimento econômico, social e cultural, porque a cultura em seu sentido mais amplo e profundo não é um adorno", destacou.
Vázquez atribuiu este "pronunciamento soberano" à "credibilidade" da Frente Ampla, de suas propostas e ações e à "convicção e tenacidade" de todos seus militantes em todo o território nacional, porque "além das candidaturas partidárias hoje o Uruguai foi o vencedor", destacou.
Neste sentido, Vázquez pediu o diálogo e o acordo entre todos os setores e em todos os âmbitos da sociedade a partir dos próximos dias, nos quais, se forem confirmados os resultados, começam as tarefas de transição entre o Governo que sai e o novo.
A convivência e a segurança, a educação e a saúde, a habitação e as infraestruturas, a proteção social, a inovação e o meio ambiente são alguns dos campos nos quais, segundo antecipou, se concentrará em seu eventual Governo, além de mais trabalho, melhor emprego e sustentabilidade ambiental.
Fonte: UOL Notícias