Memória LEOUVE

Eike vai conhecer o Brasil

Eike vai conhecer o Brasil

Estamos vivendo um novo Brasil. Foi Eike Batista quem disse. Olha, tanto a prisão, quanto a fala de ontem do outrora homem mais rico do Brasil, dão sinais importantes de um Brasil novo. O Brasil do fim da impunidade, o Brasil da deduragem, o Brasil em que não ficarão impunes aqueles que, em conluio, roubarem o erário público e forem descobertos.

 

 

Não foi o PT que dilapidou o Brasil sozinho, ele participou da rapinagem e se lambuzou no dinheiro fácil. Pensavam ser mel na chupeta. Sérgio Cabral não era do PT é do PMDB. Não duvidem, o PP também tem gato no ninho e por falar em ninho, a tucanada não vai ficar de fora de tantas situações reveladas nas 77 delações agora homologadas da Odebrecht. E olha que tem mais empreiteira pela frente. Mais delações por acontecer.

 

Mudou tanto assim o Brasil? Não, mudou a lei. Agora quem entrega os comparsas se beneficia. Ladrão honrado (existe isso?) cumpre pena integral e sozinho. Ladrão que entrega se livra de uns bons anos e o efeito dominó faz um estrago danado. Rui pros bandidos, excelente para o Brasil.

 

Só que nem tudo está salvo. Ontem mesmo se viu que um ex prefeito, que favoreceu a prostituição no interior do Amazonas se valeu de progressão de pena, mesmo quando estava provado que ele não era merecedor, por não ter bom comportamento. Que critérios são estes? O que levou o magistrado a conceder o benefício quando este não cabia? Todos nós sabemos. Ainda há corrupção em muitas e quase infinitas instâncias deste Brasil tão desigual e onde o dinheiro público parece servir primeiro a mandantes inescrupulosos e depois à população.

 

 

Eike Batista nasceu em berço de ouro, ou pelo menos bem apadrinhado. Filho de Eliezer Batista, engenheiro e ex-presidente da Vale do Rio Doce, Foi ministro antes, durante e depois do regime militar. Certamente ajudou o filho a destrinchar o mapa da mina ou mapas das minas e abriu portas na política. Mas Eike foi adiante. Não teve tempo para concluir o ensino superior. Nem precisou disto para ser bem sucedido. Em vez de diploma o que lhe abria suas portas era o cartão de visitas, depois a gratidão, com dinheiro em espécie. Conheceu o mundo. Agora vai conhecer um pedaço de Brasil que talvez não pudesse imaginar.

 

 

Sem o diploma de curso superior, o homem que já esteve nos top tem dos homens mais ricos do mundo, vai encarar a mais baixo degrau da pirâmide social brasileira: um presídio superlotado e sem direito a cela especial. Parecia sereno e foi educado ao conversar com os repórteres de TV. Mas certamente estará angustiado e ninguém sabe que tipo de carta terá na manga para abreviar sua estada nas masmorras do sistema penitenciário brasileiro.