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Diversidade marca a avaliação de vinhos da safra 2016

Diversidade marca a avaliação de vinhos da safra 2016

Quem acompanhou a 24ª Avaliação Nacional de Vinhos (ANV) realizada neste sábado, dia 24, no parque de eventos de Bento Gonçalves, nem lembrou das dificuldades dos vitivinicultores da Serra Gaúcha na safra deste ano, que sofreu uma queda média de 40% na produção devido ao comportamento do tempo. Foi a qualidade e a diversidade das 16 amostras avaliadas por cerca de 850 pessoas, entre sommeliers, enólogos, jornalistas e apreciadores da bebida, o que chamou mais a atenção.

Pela primeira vez, 11 variedades diferentes foram classificadas entre as 16 amostras selecionadas para avaliação. Castas como Marselan, Tempranillo e Alicante Bouchet estrearam no evento, aliadas às tradicionais Merlot, Cabernet Sauvignon, Riesling e Chardonnay.

Todo o processo reuniu 241 vinhos produzidos por 47 vinícolas de cinco estados brasileiros. Foram 106 tintos normais, 16 tintos jovens, 21 vinhos-base para espumantes, dos quais 13 moscatos, e 21 vinhos brancos, entre eles, 21 da variedade Chardonnay. Desse total, 75 amosras passaram na primeira fase, feita por 90 enólogos no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, e 16 foram selecionados para a avaliação, comentadas por 16 pessoas ligadas ao mundo do vinho no Brasil e em países como Bélgica, Chile, Estados Unidos e Grécia.

Mas foram as variedades menos comuns os mais elogiados: vinhos de uvas como o Alicante Bouchet da vinícola Dall Pizzol, o Cabernet Franc da Vinhos Perini, o Marselan da Casa Valduga, o Tannat da Dunamis e o Tempranillo da Miolo, entre os tintos, e o Moscato Gialo da Vinícola Don Guerino alimentaram as expectativas de bons produtos da safra 2016.

Mauro Zanuz, chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, afirmou que, apesar da quebra da safra, o trabalho da cadeia produtiva consagra o profissionalismo do setor. Para o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Juliano Perin, essa diversidade apresentada na avaliação é a marca da maturidade da produção nacional.

"Quem ganha com isso é o vinho brasileiro, os consumidores e os apreciadores", avaliou.

Como já é tradição, a avaliação reservu um momento de emoção ao homenagear o italiano Roberto Rabachino, um dos maiores nomes do mercado mundial do vinho, com o Troféu Vitis Amigo do Vinho. Mas foi o gaucho Antônio Czarnobay, que recebeu o troféu como destaque enológico do ano, que sintetizou esse sentimento. Citando o poeta russo Maiakovski, ele sentenciou: "Minha anatomia ficou louca. Sou todo coração".

 

As 16 amostras selecionadas

Brancos
Chardonnay – Casa Venturini Vinhos e Espumantes (Flores da Cunha – RS
Chardonnay – Domno do Brasil (Garibaldi – RS)
Chardonnay/Pinot Noir – Vinícola Geisse Ltda. (Pinto Bandeira – RS)
Riesling Itálico – Vinícola Salton (Bento Gonçalves – RS)
Chardonnay – Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança (Santana do Livramento – RS)
Chardonnay – Basso Vinhos e Espumantes (Farroupilha – RS)
Sauvignon Blanc – Rasip Agropastoril (Vacaria – RS)
Moscato Giallo – Vinícola Don Guerino (Alto Feliz – RS)

Tintos
Merlot – Vinícola Casa Motter (Caxias do Sul – RS)
Tempranillo – Miolo Wine Group Vitivinicultura (Bento Gonçalves – RS)
Marselan – Casa Valduga Vinhos Finos (Bento Gonçalves – RS)
Cabernet Franc – Casa Perini (Farroupilha – RS)
Cabernet Sauvignon – Guatambu Estância do Vinho (Dom Pedrito – RS)
Cabernet Sauvignon – Vinícola Almaúnica (Bento Gonçalves – RS)
Tannat – Dunamis Vinhos e Vinhedos (Dom Pedrito – RS)
Alicante Bouschet – Dal Pizzol Vinhos Finos (Bento Gonçalves – RS)