Memória LEOUVE

Dilma jogou bem, mas não ganha

Dilma jogou bem, mas não ganha

A presidente Dilma Wana Rouseff está no Senado de cabeça erguida e fala com a tranquilidade de quem efetivamente acredita que está sendo deposta injustamente. Ela se defende com a convicção de quem entende não ter cometido qualquer crime e responde aos questionamentos concretos e acusações cara a cara com os senadores. Tem argumentos plausíveis, fundamentados. Isto não quer dizer que ela será salva ou que não tenha contribuído para chegar ao banco dos réus.

 

Ela elenca as razões pelas quais cometeu as pedaladas fiscais e defende mais uma vez que eles não são motivo para impeachment. Entre as causas políticas para o impeachment duas são as principais para a provável deposição da presidente: o resultado da eleição nunca foi digerido por quem perdeu por pouco; Dilma se negou a negociar com Eduardo Cunha para que ele não acatasse a abertura do processo e o apontou como o desaguadouro do anseio da oposição que não aceitou a derrota nas urnas.

 

Evidente que não há argumento pra fazer qualquer dos dois lados mudar de posição. Há razões de convencimento para qualquer das duas posições e vamos admitir que Dilma conseguisse evitar o impeachment. O país muito provavelmente mergulharia no caos. A governabilidade já não existia antes. Menos ainda agora.

 

Mas também é verdade que o discurso de Dilma evoca um governo que não existiu. A realidade que ela mostra não é aquela que os brasileiros vivem. Assemelha-se ao técnico de futebol que depois de derrotado diz que o time jogou bem e não merecia perder, ou então, à própria Dilma em campanha, quando o Brasil parecia ser um país maravilhoso, que deixou de existir logo depois das eleições.

 

 

Dilma e o PT erraram. A oposição jogou pesado e pouco contribuiu para que o país saísse de uma crise que assolou o mundo e repercutiu com força no Brasil, agravada pelos erros administrativos e programáticos do Governo e até pela minimização da crise mundial lida lá atrás como simples marola.

 

A economia derreteu e não há governo que resista, justificou o senador mato-grossense Jose Medeiros, do PSD. Explica-se aí boa parte do apoio à cassação. Agora o Brasil precisa superar este embate ideológico. O Brasil não será o mesmo. Há um fosso separando duas visões, dois modelos de administrar. Mas, neste momento o imperativo é voltar a crescer. Porque governos vão e vem em tempos de democracia. A população fica e precisa das instituições funcionando. Que o resultado seja o melhor para os 12 milhões de brasileiros desempregados.

 

Não gosto do impeachment. Acato-o, mas o melhor seria que esta substituição tivesse sido pelas urnas.