Memória LEOUVE

Dez anos de Maria

Dez anos de Maria

Hoje é um dia histórico para o país, mas não é porque as Olimpíadas do Rio finalmente começaram ou porque estamos prestes a cassar pela segunda vez um presidente eleito na história recente da nossa democracia. Hoje é um dia histórico porque, há exatos dez anos, nascia uma lei pra proteger a mulher da violência doméstica.

 

Mas, se há o que comemorar, também é preciso reconhecer que ainda há muito a fazer. É que ainda hoje, a cada cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil, e 13 mulheres morrem a cada dia vítimas da violência.

 

A verdade é que, nesses 10 anos, a Lei Maria da Penha ainda enfrenta problemas, mas já mostrou que é fundamental para diminuir a violência doméstica e punir com mais rigor os agressores.

 

Nesse tempo todo, é certo que muita coisa mudou, mas a violência ainda é uma realidade na vida de milhões de mulheres país afora. E os números, ainda que sejam altos, mostram que, cada vez mais, as mulheres perdem o medo e denunciam a agressão.

 

Isso quer dizer que a verdadeira revelação da estatística é que, se ela mostra apenas o número de vítimas que confia na justiça, então a realidade indica que a violência agride ainda mais mulheres a cada dia.

 

E é exatamente isso que precisa parar. É este o comportamento a ser combatido diariamente. Porque as consequências da violência doméstica estão muito além de qualquer estatística.

 

Por isso, é urgente reforçar a prática da lei, porque muitas autoridades ainda se recusam a praticá-la e porque grande parte dos avanços que a lei trouxe precisa de investimentos pra surtir feito.

 

Não basta só punir o agressor, é preciso criar centros de atendimento, casas-abrigo, delegacias especializadas, serviços de saúde, e centros de educação e de reabilitação para os agressores. E mudar a cultura que ensina que em briga de marido e mulher não se mete a colher.

 

 

O certo é que ainda temos um longo caminho ainda a percorrer. E essa é uma tarefa de todos, das famílias, das escolas, de toda a sociedade e dos poderes constituídos, que evidentemente precisam assumir seu papel de protagonista para mudar esse país.