A greve dos médicos segue gerando reflexos na saúde pública em Caxias do Sul. Apesar dos profissionais terem cedido na questão do cumprimento do ponto, o impasse agora é referente a questão salarial. Enquanto isso a população sofre com o cancelamento de consultas e de procedimentos.
Durante a manhã desta quarta-feira, dia 22, o coordenador do Ambulatório de Doenças Respiratórias e Pediátricas, Dr. João Luís Kras Borges, falou no plenário da Câmara de Vereadores sobre a situação da saúde no município. Segundo ele, a falta de diálogo com a prefeitura vem acarretando em pedidos de exoneração de diversos médicos, entre eles 11 especialistas que são profissionais mais difíceis de se repor.
“O prefeito tem falado que vai contratar 70 médicos, até é possível, mas generalistas, não especialistas. Caxias do Sul sempre teve uma medicina a nível público de qualidade. Completamente diferente de outras cidades do país. Em nível de pediatria que é minha área de atuação, tínhamos médicos em todos as especialidades, da mesma forma que tem um plano de saúde. Agora com esse desmanche do o prefeito está fazendo vários colegas estão saindo e outros vão sair ainda”, destaca.
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Entre os médicos especialistas que pediram exoneração estão três traumatologistas, um cirurgião vascular, um neurologista, um proctologista, um pneumologista, um otorrinolaringologista, um hematologista, um gastroenterologista infantil e um reumatologista. Ainda de acordo com o Dr. Kras, com as exonerações e reduções de cargas horárias, o município terá uma redução de 9.600 consultas por mês.
O coordenador do Ambulatório de Doenças Respiratórias e Pediátricas, ainda adverte que também pode pedir exoneração caso a prefeitura siga com a postura de não dialogar com a classe médica. Ele destaca que existe uma defasagem no salário dos médicos que atuam em Caxias do Sul, na comparação com outras cidades. Atualmente os médicos que tem carga horária de 20 horas semanais recebem R$ 3.595,39, acrescido de parcela autônoma de R$ 2.100,90 (total de R$ 5.696,29), valor este considerado abaixo do mercado por Kras.
“Existe um piso salarial determinado pela Federação Nacional dos Médicos, que é de R$ 10.840,00 para 20 horas semanais. Esse salário é pago em algumas cidades do Brasil já, não em todas. A gente sabe que o momento econômico é difícil, sabe que a prefeitura está arrecadando menos, mas não precisamos chegar nesse valor imediatamente, vamos fazendo um escalonamento, mas essa é a meta, esse é um valor adequado, para trabalhar 20 horas semanais, quatro horas por dia, de segunda a sexta”, finalizou.
