Memória LEOUVE

Cruzamento faz semáforo ficar em segundo plano nos horários de pico

Cruzamento faz semáforo ficar em segundo plano nos horários de pico

Dezenas de automóveis disputando o mesmo espaço, muitas vezes trancando o cruzamento, outras parando no meio da pista. Às vezes, um tem que recuar para o ponto de origem porque não conseguiu vencer o cruzamento no tempo em que dura o sinal aberto; outros não conseguem e atrapalham o tráfego. Nos horários de mais movimento, principalmente por volta das 18h dos dias úteis, quem desce da Dr. Casagrande e pega a Saldanha Marinho em direção ao centro pode levar um bom tempo para conseguir vencer o cruzamento com a rua Barão do Rio Branco. Este é um dos principais gargalos do trânsito na área central de Bento Gonçalves, e que abre a série de reportagens do Leouve sobre o tema. Ali, o problema é tão grande que o semáforo é quase figurativo: quem controla o trânsito é mesmo o fluxo de veículos.

 

O sinal está verde, mas o motorista não arranca o veículo. Ele segue parado, interrompendo o fluxo dos veículos que começam a se aglomerar no declive da Saldanha Marinho até quase impedir a conversão de quem ainda está lá em cima, na Dr. Casagrande. O veículo segue parado e o sinal fecha mais uma vez. O motorista precisa renovar a paciência e esperar que o fluxo de veículos permita que, na próxima vez que a sinaleira abrir, ele possa finalmente cruzar a rua.

 

O autônomo Carlos Alberto Silva evita dirigir no trecho da rua Saldanha Marinho nas proximidades com a Barão do Rio Branco, no centro de Bento Gonçalves, nos horários de pico. Quando precisa passar pelo local, ele acaba optando por horários alternativos. No trecho, o fluxo de veículos fica lento, principalmente nos finais de tarde e em dias de chuva. Para fugir do congestionamento, outra saída encontrada por ele, quando possível, é a utilização de outras rotas.

 

O fluxo intenso de veículos é considerado também como um problema da área pelo haitiano Juliano Ahieain, que trabalha em um hotel próximo ao cruzamento. Segundo ele, durante as manhãs, o trânsito é tranquilo no trecho, mas, pela tarde, fica complicado até para os pedestres, mesmo com a sinaleira instalada no cruzamento. “Quando a gente quer passar, motorista não deixa passar, não para”, reclama.

 

A falta de educação dos condutores também é percebida no trecho pelo engenheiro eletricista Marcelo Boakowicz. No que se refere ao congestionamento, ele acredita que um maior investimento em transporte público poderia ser uma saída. “A gente tem muito veículo e pouca rua”, avalia.

 

Para o gestor em mobilidade e ex-secretário de Mobilidade Urbana Mauro Moro, o transporte coletivo precisa ser considerado uma prioridade pelo poder público. A passagem integrada é uma das alternativas apontadas por ele, com a transformação de alguns pontos de ônibus em terminais rodoviários.

 

“Que as pessoas pudessem ter direcionamento até esses locais, através de veículos menores, até de micro-ônibus e, ali sim, com passagem integrada, poder se deslocar em qualquer ponto dos bairros do município interligados por esses terminais de ônibus”, sugere.

 

Uma opção no que se refere à mobilidade, para evitar o conflito na Barão do Rio Branco com a Saldanha Marinha, seria a criação de um sistema que permitisse a conversão à esquerda na rua Cândido Costa, para quem vem da Barão do Rio Branco, eliminando a necessidade de utilizar o cruzamento para quem deseja ingressar na Via del Vino. Para evitar transtornos com a medida, ele defende a adoção de mão inglesa no trecho da Cândido Costa entre a Barão do Rio Branco e a Via del Vino.

 

Neste modelo, a Cândido Costa, a Doutor Antunes, a Barão do Rio Branco e a Via del Vino se tornariam uma espécie de rotatória, eliminando em parte o fluxo de veículos no cruzamento da Barão com a Saldanha.

 

Expectativa é de que melhorias no trânsito aconteçam até o final de julho

 

A prefeitura ainda não tem uma definição do que exatamente será feito neste trecho para resolver o problema. De acordo com o atual secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Vanderlei Mesquita, a expectativa é que se faça uma reengenharia no centro após o término do trabalho de reforma das calçadas e a realocação dos ônibus que hoje recolhem passageiros em frente ao shopping Bento para a parada da Júlio de Castilhos.

 

Mesmo sem anunciar alguma medida específica para resolver o problema, o secretário acredita que algumas melhorias devam ser sentidas por quem trafega por esses pontos centrais até o final do mês de julho.

 

Edição de texto Rogério Costa Arantes

Imagens:  Francine Boijink e João Paulo Kolassa