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Com médicos em greve, mais de 3 mil consultas não foram feitas em Caxias do Sul

Com médicos em greve, mais de 3 mil consultas não foram feitas em Caxias do Sul

Com o segmento da greve dos médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul nesta quarta-feira, dia 19, mais de 3 mil consultas deixaram de ser realizadas desde a segunda-feira, dia 17. Apenas hoje, 1.096 agendamentos não foram cumpridos nas 47 Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), no Centro Especializado em Saúde (CES) e no Cais Mental. 

 

Ao todo, nos três primeiros dias da nova paralisação da classe médica, 3.556 consultas deixaram de ser feitas.

 

Consultas canceladas nesta quarta-feira, dia 19:

 

UBSs: 881

CES: 180

Cais Mental: 35

 

Nos Postos de Saúde, dos 111 médicos escalados para trabalharem, 54 cumpriram agenda normal. Ou seja, apenas 48,6% dos profissionais foram às UBSs.

 

No Centro Especializado de Saúde (CES), dos 24 médicos que deveriam atender nesta quarta-feira, 11 compareceram. A Secretaria da Saúde destaca que os serviços de eletrocardiograma, espirometria, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia respiratória, além do Serviço Municipal de Infectologia, Ambulatório de Estomizados e Ambulatório de Pequenas Cirurgias, que também funcionam no CES, estão atendendo normalmente.

 

Já nos serviços de saúde mental, somente no Cais Mental foram registradas ausências de dois psiquiatras.

 

No Postão 24 horas, o atendimento à população está normalizado. Até o meio-dia, 166 consultas foram feitas por seis clínicos e três pediatras que estão atuando. O Samu também trabalha normalmente.

 

Levantamento:

 

Na terça-feira, dia 18, dos 129 médicos escalados para trabalhar, 80 não comparecem (62%) nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), no Centro Especializado de Saúde (CES) e nos Serviços de Saúde Mental. Segunda, dia 17, dos 130 médicos escalados para trabalhar, 75 não compareceram (57,7%).

 

Ministério Público do Trabalho (MPT) vai acionar o poder judiciário

 

O Ministério Público do Trabalho deve solicitar ao poder judiciário medidas para que a greve dos médicos seja declarada ilegal em Caxias do Sul. O pedido será feito nesta quarta com o argumento de que o Sindicato dos Médicos não tem representatividade para conduzir uma greve da categoria.

 

Conforme o procurador do Trabalho, Roger Ballejo Villarinho, uma ação envolvendo o Sindicato dos Médicos e Sindicato dos Servidores Municipais já foi julgada na justiça. Na sentença, todas as instâncias reconheceram o Sindiserv como representantes dos médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde em Caxias. “O Tribunal Superior do Trabalho já decidiu que o Sindicato Médico não é a entidade legal para representar a categoria junto à administração municipal e sim o Sindicato dos Servidores Municipais. É uma decisão da 5ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul, que foi confirmada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, de Porto Alegre, e confirmada pelo próprio Tribunal Superior do Trabalho em Brasília”, afirma o procurador.

 

Ainda segundo Villarinho, o Ministério Público do Trabalho decidiu intervir na questão após os prejuízos que a paralisação vem causando à população.

 

Para Sindicato dos Médicos, a greve é legal

 

Para o presidente do sindicato, Marlonei dos Santos, a greve é legal, uma vez que quem rege e legaliza o movimento é a justiça estadual, mas caso haja uma intervenção do Ministério Público, a pedido da Justiça do Trabalho e, for decretada a ilegalidade, a entidade respeita a decisão. “Sim, vamos respeitar, mas vamos recorrer para o tribunal em Porto Alegre e certamente vamos reverter essa situação. Hoje em dia é tudo rápido, tudo eletrônico”, acredita.

 

Quanto à chamada “delação premiada”, forma usada por ele para denominar o meio de intimidar os médicos que ousarem furar a greve, ele conta que está funcionando. “Somente agora na reunião foram 15 nomes entregues na minha mesa. Vão os 15 nomes para o Cremers, com nome, foto e endereço de quem está burlando a greve”, ameaça.