Chefe do DML de Caxias explica troca de corpos e pede desculpa para as famílias

O perito responsável pelo Departamento Médico Legal de Caxias do Sul, Airton Kraemer, admitiu, no início da tarde deste domingo, dia 26, que o erro que causou a troca do corpo de Laudenir de Oliveira Gomes, 25 anos; que morreu afogado na lagoa do Loteamento Jardim Embaixador na noite de sexta-feira, dia 24, pelo corpo de Valdir Dalegrave, de 62 anos, foi cometido dentro do IML, e garantiu que o fato será investigado.

Conforme Kraemer, o equívoco aconteceu no momento da entrega dos caixões. “Os dois foram entregues simultaneamente. O de Caxias foi para o velório em Jaquirana, e o de Jaquirana ficou com a outra família aqui de Caxias. Assim que ficamos sabendo dessa situação, imediatamente agilizamos a nossa equipe de remoção para desfazer a troca”, explica.

A informação foi contestada por Mateus Formolo, assessor da direção da Funerária L. Formolo, que informou que a funerária, responsável pelo sepultamento de Dalegrave, havia agendado a retirada do corpo somente na manhã do domingo, dia 26, e só ficou sabendo da troca dos corpos porque o DML não liberou.  O idoso seria sepultado na manhã de domingo.

"Marcamos para buscar o corpo às 10h30min do domingo, mas quando chegamos lá com o caixão, nos informaram que não poderiam liberar o corpo", afirmou Formolo, que deixou claro que a empresa não foi a responsável pelo sepultamento do jovem de Jaquirana.

Formolo disse inclusive que o caixão contratado pela família de Dalegrave sequer foi utilizado, uma vez que, quando os corpos foram destinados corretamente, o corpo do idoso foi entregue no caixão lacrado que havia sido despachado para Jaquirana.

Quanto à reclamação da família, que afirma ter sido mal atendida pelo funcionário do DML na noite do sábado, dia 25, na hora de fazer o reconhecimento, e que o funcionário estaria apresentando um comportamento alterado, Kraemer disse que o profissional já trabalha há 14 anos e seria capacitado para a função. “Faz tempo que ele trabalha conosco, e eu também fiquei sabendo desse comportamento. O que vamos fazer é abrir um processo interno para apurar o que pode ter acontecido”, assegura.

O coordenador do Instituto Geral de Prícias (IGP) da Serra Gaúcha pediu desculpas para as famílias pela falha e lembrou que a demanda atendida pelo DML é de cerca de 600 necropsias por ano, e que a equipe é pequena e atende 55 cidades na região. “Eu tenho apenas cinco funcionários com uma carga enorme de serviço. É excesso de trabalho, excesso de carga horária e que lamentavelmente algum erro pode acontecer, mas nada justifica o erro”, lamenta.

Para evitar que esse tipo de erro não se repita, o DML já solicitou a implantação da “cadeia de custódia”, procedimento que consiste em identificar os corpos por meio de lacres que são implantados desde a hora que o cadáver chega até a hora que sai do DML, e a identificação é feita por códigos de barra, mas por falta de recurso o estado ainda não implantou o sistema em Caxias.