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Cerimônia histórica marca início da Rio 2016 com show no Maracanã

Cerimônia histórica marca início da Rio 2016 com show no Maracanã

O Rio de Janeiro e o Brasil receberam os Jogos Olímpicos numa festa acima de tudo com apelo humano e um pouco de cada detalhe que define o povo deste país. Grandes nomes da MPB e o samba embalaram na maior parte do tempo a cerimônia que convocou paz e união no Maracanã apesar do clima difícil de instabilidade política e econômica. A 31ª Olimpíada, primeira da América do Sul, explodiu em festa com Vanderlei Cordeiro de Lima acendendo a Pira Olímpica. O clássico de Gilberto Gil "Aquele Abraço" fez sua declaração de amor ao Rio para dar início ao espetáculo. Depois de que o mar invadiu o palco do Maracanã, foram muitos os lances inesquecíveis que a apresentação de Fernando Meireles apresentou para os bilhões de espectadores no mundo. Começando pela versão emocionante do Hino Nacional executada por Paulinho da Viola. Com enfoque de preservação ambiental desde o começo, a Rio 2016 trouxe o Índio com show de luzes para desbravar a floresta antes da chegada dos colonizadores portugueses e a eventual imigração. Teve espaço para a árdua jornada dos negros, trazidos escravos da África, mas também para os imigrantes europeus e asiáticos que ajudaram a dar vários tons a uma nação diversa.

 

Após o desbravamento, surgiram os arranha-céus da metrópole para a construção de um país moderno. Ao lado dos grandes prédios, o povo e o morro surgiu em muitas cores. O show também levantou voo com Santos Dumont e o 14 Bis, que planou sobre o Maracanã e saiu a mostra paisagens do Rio. Gisele Bündchen foi a Garota de Ipanema desfilando pela praia ao som de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Elza Soares embalou a torcida e, logo depois, a passarela se transformou em uma grande festa, com Zeca Pagodinho e Marcelo D2 puxando uma combinação genuinamente carioca de rap, samba e pagode para levantar a galera. E ainda era pouco, pois quando Jorge Benjor engatilhou "País Tropical" para a primeira apoteose de som, luzes e todo mundo dançando, sejam figurantes da apresentação, atletas ou público nas arquibancadas foi um momento de delírio. Mesmo quando a música parou nas caixas de som, a música seguiu entoada pela plateia à capela: "Abençoado por Deus e bonito por natureza".

 

Veio uma pausa para lembrar a conscientização ambiental. Contra a liberação indiscriminada de gás carbônico e a exploração impensada dos recursos, Fernanda Montenegro e Judi Dench declamaram o poema de Carlos Drummond de Andrade, "A Flor e a Náusea". Depois disso, a festa foi dos atletas, com as 208 delegações e cerca de 11 mil atletas representados numa verdadeira passarela do Carnaval para desfilarem suas bandeiras. Yane Marques teve a primeira grande honra da noite ao conduzir o pavilhão nacional à frente da delegação. A pentatleta mandou ver na emoção e entrou no clima de festa conduzindo a plateia no ritmo da bandeira e do samba. Cada delegação que passou plantou sementes em grandes estandes prateados. As caixas foram conduzidas para o centro do Maracanã do seu topo brotaram árvores para formar os Anéis Olímpicos.

 

Com os protagonistas do espetáculo em seus lugares no palco, era hora dos discursos oficiais. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzmann, vibrou: "O melhor lugar do mundo é aqui e agora! Nasce hoje um mundo novo. Trabalhamos sete anos, numa jornada de superação e paixão pelo esporte. Os filhos do Brasil não fogem à luta, são fortes". O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, salientou o orgulho de todo o mundo pelo que foi feito pelo Brasil, mesmo num "momento muito difícil e complicado". Ele também homenageou o espírito humanitário dos atletas com o Prêmio Olímpico inédito para o fundista queniano Kip Keino, bicampeão olímpico.

 

 

Veio então o momento mais tenso da abertura. O presidente interino Michel Temer declarou os Jogos abertos no microfone, mas foi abafado por sonoras vaias da plateia, com apenas alguns aplausos. Os fogos, porém, e a empolgação olímpica fizeram esquecer logo a pausa para digerir o descontentamento e seguir a festa. Primeiro com o samba de Wilson das Neves na caixinha de fósforo e emendando com "Isso aqui, o que é", cantado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Anitta. Foi o sinal para as escolas de samba campeãs do Rio desfilarem e embalarem brasileiros e gringos rumo à apoteose da Chama Olímpica.

 

 

Foi Gustavo Kuerten, o tricampeão de Roland Garros, que trouxe a chama e se emocionou na pista, vibrando e brincando com o público. Dele, o fogo sagrado passou para a Rainha das Quadras Hortência, para enfim chegar a Vanderlei Cordeiro de Lima. O maratonista, medalhista de bronze após superar o ataque do padre Cornelius Horan, foi o símbolo olímpico em pessoa para subir os degraus e acender a Pira Olímpica do Brasil.

 

Informações e Fotos da Agência Brasil