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Caxias do crime: “Mês atípico pela quantidade de homicídios”, avalia delegado

Caxias do crime: “Mês atípico pela quantidade de homicídios”, avalia delegado

Caxias do Sul chega, neste mês de outubro, a 21 mortes violentas em 21 dias. Números alarmantes e que batem recorde. E, ao que parece, as estatísticas não devem ser positivas até o fim de 2016.

 

Mesmo que não houvesse acontecido o confronto com a Brigada Militar na última segunda-feira, dia 17, onde quatro criminosos foram mortos, a marca seria de 17 homicídios, sendo duas reações de assalto. Números que não deixam de explicitar a onda de crimes que vive a cidade.

 

O delegado titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos (DHD), Rodrigo Kegler Duarte, em prognóstico pessoal, acredita que até o final do ano, Caxias deva registrar entre 130 e 140 homicídios, não contabilizando mortes em confronto com a Brigada Militar, reações a assalto e latrocínios (roubos seguido de morte).

 

“Pelo que a gente pode constatar pelo histórico desde o segundo semestre do ano passado, tudo indica que sim – que a cidade supere o recorde de crimes contra a vida -. Nós devemos ter por volta de 130 a 140 homicídios no ano. Espero estar enganado, mas, de qualquer forma, com este prognóstico ruim, a gente segue com a estrutura que temos, fazendo o melhor possível para que nós consigamos responsabilizar as pessoas que praticam este tipo de crime”, destaca.

 

Sobre o elevado número de mortes violentas, o delegado ressalta que o mês de outubro é atípico.

 

“Claro que nos cabe investigar e é isso que estamos fazendo. Um mês bastante atípico pela grande quantidade de eventos, homicídios e este confronto que aconteceu. Nos cabe apurar autoria desses crimes e levar os autores à justiça”, diz Kegler.

 

O envolvimento das vítimas com o mundo das drogas é um dos principais motivos dos crimes, mas não o único.

 

“Não só o tráfico de drogas, mas uma vida criminosa anterior. A grande maioria por conta do tráfico e isso chama a atenção. Pelos históricos que a gente vê das vítimas este é o quadro. Mesmo assim, esse número preocupa bastante pelo número de mortes e pela questão de que são execuções que acontecem em via pública”, ressalta Duarte.

 

Para o delegado, a maioria das mortes são em execuções, sem possibilidade de reação da vítima.

 

“Sem dúvida alguma. Até pelo histórico envolvendo vida criminosa. Então, isso já é planejado de maneira a não deixar nenhuma via de reação por parte da vítima, mas faz parte deste meio criminoso”, afirma.

 

O titular da DHD não acredita que Caxias do Sul esteja vivendo uma espécia de “guerra do tráfico de drogas”. Na visão dele, não pode se afirmar que todos os homicídios são decorrentes do conflito entre facções.

 

“Não temos mapeado este tipo de guerra. Claro que o fato que chama a atenção foi esse último envolvendo o confronto com a BM. Ali, sem dúvida nenhuma, pelo modus operandi e pelas armas empregadas, aconteceu uma execução, ao que tudo indica, por uma disputa de território. Tirando este caso específico, não temos registros com o armamento daquele potencial ofensivo. A gente não pode inicialmente dizer que os homicídios todos são decorrentes do conflito entre facções, entre o crime organizado…”, destaca.

 

No total, são 122 mortes violentas registradas no ano.

 

Confira quais foram, até aqui, as vítimas neste mês de outubro.

 

Ramiro Zacarias da Costa, 27 anos, morto ao tentar assaltar residência no São Pelegrino, dia 1.

Leandro de Souza, 21 anos, executado no bairro Vila Ipê, no dia 4.

Jean de Brito da Silva, “DJ”, 21 anos, assassinado no Vale da Esperança no dia 8.

Jaison Duarte Pereira, 23 anos, teria sido atropelado intencionalmente no Sanvitto, no dia 9.

Daniel Gonzaga de Moraes, 28 anos, executado dentro de veículo no De Zorzi, dia 12.

Luiz Carlos Hedlund, “Perna”, 49 anos, morto com um tiro no Beltrão de Queiróz, dia 15.

Dagoberto Bettim Azambuja, “Zóio”, 26 anos, morto a facadas no Centro, dia 15.

Mauro Fornasa Ferreira, 35 anos, atingido por dois tiros dentro de casa no Jardim América, dia 15.

Stephani de Souza Oliveira, 24 anos, morta a tiros em residência no Fátima, dia 15.

Priscila de Lima Boeira, 29 anos, morta a tiros em residência no Fátima, dia 15.

Lucas de Brito dos Santos, 24 anos, morto após tentar assaltar homem no Sagrada Família, dia 15.

Imitimiano Pinheiro Júnior, 27 anos, morto dentro de residência no Cinquentenário II, dia 17.

Alisson Adalberto Schiavon, 39 anos, morto dentro de residência no Cinquentenário II, dia 17.

Lilian Cassini, 21 anos, executada em veículo no bairro Planalto, dia 17.

Jonas Almeida de Mello, “Joninhas”, executado em veículo no bairro Planalto, dia 17.

Eduardo Mascarello, 23 anos, morto em confronto com a BM, dia 17.

Rodrigo Pavan, 34 anos, morto em confronto com a BM, dia 17.

Eduardo de Jesus, 19 anos, morto em confronto com a BM, dia 17.

Robson de Souza Nunes, 30 anos, morto em confronto com a BM, dia 17.

Leandro Correa Alves, 38 anos, morto a marretadas no Vila Amélia, dia 20.

Vanderlei Batista, 42 anos, executado no Planalto, dia 21.