Memória LEOUVE

Canja de galinha e frutos do mar

Canja de galinha e frutos do mar

Enquanto os nobres senadores consagram o afastado ministro da Justiça num jogo de compadres pra assumir a vaga de Teori no Supremo e continuar a operação estanca sangria, e enquanto o líder do governo neste mesmo Senado se faz de vítima, compara os políticos corruptos perseguidos pela Lava-jato aos judeus no holocausto ou às bruxas na inquisição e diz que a suruba do foro privilegiado ou vale pra todos ou vale pra nenhum, é a prisão de Lula que ainda faz bater mais apressados os corações a cada pesquisa que mostra o cara na liderança das intenções de voto.

 

Dessa vez, as revelações contra Lula vão desde o homem que garante ter levado uma mala de dinheiro da corrupção pro molusco, passam pelo suposto delator que diz que a Odebrecht pagou um cursinho pro filho do peixe grande e chegam até a Polícia Federal, que revelou que há indícios contra Lula e Dilma por obstrução à Justiça no episódio da tentativa de nomeação do fruto do mar como ministro barrada por uma liminar do Gilmar Mendes mesmo depois que o ministro Celso de Mello disse no STF que foro privilegiado não é obstrução da Justiça.

 

Mas claro que essa afirmação serviu pra outros propósitos. Não pra livrar Lula, mas pra liberar o temerário presidente e o seu ministro angorá Moreira Franco da mesma saia justa. Afinal de contas, é evidente que no país dos dois pesos e das duas medidas pau que bate em chico não bate em francisco.

 

E nessa toada o país segue desmoralizado esperando as manifestações de março sem esperança, depois que a deposição do governo do petrolão colocou no poder o grupo mais fisiológico da política tupiniquim, acusado de corrupção por todos os lados.

 

E enquanto o temerário presidente segue demonstrando que perdeu até mesmo a preocupação com as aparências de decoro, o também citado Lobão cuida do galinheiro no Senado e abençoa a indicação de Alexandre de Moraes ao Supremo.

 

 

E como canja de galinha não faz mal a ninguém, nós, os botocudos, seguimos fingindo acreditar no fim da corrupção, na recuperação econômica do país e que, depois de tirar Dilma, mais cedo ou mais tarde vamos mesmo tirar todos os outros.