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Caminhada pela Paz lembra um ano da morte da menina Ana Clara, em Caxias

Caminhada pela Paz lembra um ano da morte da menina Ana Clara, em Caxias

“Fraternidade sim, violência não”. Foi entoando esse lema em forma de canção que a comunidade do bairro Pio X, em Caxias, lembrou o primeiro ano da morte da menina Ana Clara Benin Adami, assassinada aos 11 anos na tarde de 16 de julho de 2015.

 

A Caminhada Pela Paz, organizada pela Paróquia do bairro Pio X e pelos pais da menina Ana Clara, Sérgio Adami e Márcia Elisa Benin, reuniu cerca de 100 pessoas. Com balões brancos e duas faixas, a caminhada iniciou por volta das 17h em frente a Secretaria de Trânsito, na rua Moreira César. Os participantes seguiram em caminhada até a Igreja do Pio X, onde soltaram os balões em homenagem à Ana Clara.

 

Os pais da menina, Sérgio Adami e Márcia Benin, aproveitaram o momento para ler uma carta direcionada ao judiciário. A mensagem foi lida pelo pai de Ana Clara.“É inaceitável que o poder judiciário, o mais bem pago do nosso país, tome decisões que terminem em tragédia como essa. Que eles se inspirem na mensagem deixada pela nossa filha sobre a pena de morte”, declarou. A mensagem citada por Sérgio foi escrita por Ana Clara em um trabalho meses antes de morrer.“Eu não concordo com a pena de morte, pois imagine se fosse o seu filho que seria morto. Claro que ele fez errado de cometer um crime, mas eu acho que a prisão já é o suficiente”, escreveu Ana Clara.

 

Os padres da Paróquia do Pio X lamentaram diversas vezes o ocorrido. Para o Padre Renato, é importante criar uma cultura de paz na cidade. “Caxias acolhe gente de todos os lados, é uma cidade que recebe muita gente. Essa violência na qual vivemos não pode continuar, precisamos criar uma cultura de paz”, declarou.

 

A investigação

 

A morte da menina Ana Clara Benin Adami completa um ano neste sábado. Ana Clara foi atacada no dia 16 de julho de 2015, na Rua Marcos Moreschi, no bairro Pio X, quando seguia com uma amiga para a catequese na Igreja do bairro. 

 

As duas amigas foram atacadas por um homem em uma tentativa de assalto. Durante a ação, ele desferiu um tiro que acertou Ana Clara na barriga. Horas mais tarde a menina morreu no Hospital Geral. O caso, em um primeiro momento, foi considerado pela polícia como uma tentativa de homicídio, baseando-se no depoimento da amiga de Ana Clara. Conforme a menina, o autor do crime teria passado pelas duas e atirado pela frente.

 

Alguns dias depois, a menina mudou a versão e disse que não tinha visto como Ana Clara teria sido atingida pelo disparo. O laudo da perícia concluiu que o tiro foi dado pelas costas, atravessou o corpo e saiu pelo abdômen. Com isso, a polícia abandonou a tese de homicídio e começou a investigar a hipótese de latrocínio.

 

De acordo com as investigações, o principal suspeito de cometer o crime é Gedson Pires Braga, o Cavernoso. Ele foi assassinado por outros bandidos em um tiroteio na Zona do Cemitério, um mês após a morte da menina, no dia 15 de agosto de 2015.

 

Durante as investigações, Cavernoso chegou a ser ouvido pelo delegado Rodrigo Kleguer Duarte. Na ocasião, ele não foi preso por falta de provas.

 

O delegado titular da Delegacia de Proteção da Criança de Adolecente, delegado Joigler Paduano, responsável pelo caso, está em férias. O substituto, delegado Mário Mombach, apenas se limitou a dizer que o caso ainda não está fechado e que ainda falta realizar algumas diligências para encerrar o caso e para depois encaminhar a justiça.