Memória LEOUVE

Banrisul, Rogério e Juremir

Banrisul, Rogério e Juremir

Acompanho, sempre que posso, os artigos de dois camaradas – talvez aqui esteja mais um desejo do que a realidade, pelo menos num dos casos. O colega Rogério Arantes escreveu ontem sobre um assunto que incomoda pelo simples fato de ser especulado: a possibilidade de privatização do Banrisul.

 

Já o articulista e polemista, Juremir Machado da Silva – nem tão camarada assim, já que o máximo de contato que tenho com ele é por ler seus escritos e ouvir o programa de rádio que apresenta – abordou a questão do tratamento que a sociedade vem dando à sua essência, ou seja, o ser humano. E fala em pós humanismo. Ou seja, quando o homem só é importante por ser o consumidor daquilo que as indústrias produzem, daquilo que o comércio e o setor de servidões não podem prescindir: os consumidores.

 

 

São dois textos, o do Rogério e o do Juremir, que abordam aspectos diferentes de uma mesma temática. Como será possível que uma sociedade, onde se deseja o estado mínimo, possa garantir eficiência total sem eliminar sua principal razão de ser que é a pessoa?

Então se vê em poucos dias duas agências bancárias do mesmo Banrisul em Bento Gonçalves terem seus caixas eletrônicos explodidos. Uma ação coordenada por gangue especializada que traz um prejuízo limitado à instituição financeira, mas que se pode tornar intangível aos clientes, afinal, daqui a pouco alguém lá num gabinete de Porto Alegre resolver fechar o serviço em nome da segurança.

 

Ataques a caixas eletrônicos não são um desprivilegio de Bento Gonçalves. Ontem foi Maximiliano de Almeida, outro dia foi em Cerro Grande e eis que a Polícia Civil deflagrou no começo da manhã ontem uma operação para desarticular organizações criminosas responsáveis por ataques a banco no Rio Grande do Sul. A ofensiva, chamada de Subterfúgio, já prendeu duas pessoas, mas não evitou novo ataque em Bento, desta vez na agência do bairro São Roque.

 

Ataques a caixas na madrugada têm uma grande vantagem: normalmente não fazem vítimas. Sem querer os banqueiros na sua ânsia por depender cada vez menos de pessoas para trabalhar, poupam os bancários do indesejável encontro com canos de submetralhadoras.

 

Bancos ou caixas inseguros; polícia mínima, insegurança máxima; desemprego em alta; proteção social em baixa; Trump vivendo seu melhor papel num reality que nada tem de ficção. 2017 pode mesmo ser o início da era do pós humanismo, como bem definiu o irrequieto Juremir Machado.