Memória LEOUVE

Atrás da segurança perdida

Atrás da segurança perdida

Olha, eu confesso que é bem difícil a gente conhecer os números da violência no estado e não temer os rumos da criminalidade. Pra você ter uma ideia do que eu estou falando, só no primeiro semestre, o número de assassinatos cresceu em média 30% nas 20 principais cidades gaúchas. Em Porto Alegre e Caxias do Sul, as duas maiores cidades gaúchas, esse número fatal cresceu mais de 35%. Em Bento Gonçalves, por exemplo, o salto foi de mais de 80%.

 

Além disso, a gente hoje convive com a violência como parte do nosso dia a dia. Como fosse a coisa mais normal do mundo. Os casos de assaltos fazem parte das rodas de conversas dos amigos, e é difícil não ter alguém na família que ainda não foi vítima deste tipo de violência.

 

A verdade é que a criminalidade invade as nossas casas por todos os lados, nos programas sensacionalistas da tevê, que só contribuem para aumentar o pavor e gerar impotência, ou nos vídeos de violência cotidiana que são viralizados nas redes sociais.

 

E assim, a intolerância, a justiça com as próprias mãos e a apologia ao uso de arma de fogo pelo cidadão de bem são exaltadas pelo senso comum como a única resposta possível a toda essa sensação de insegurança.

 

Pois agora, depois de cortar investimentos, cancelar nomeações, humilhar os servidores da segurança com o parcelamento dos salários e ver as delegacias abarrotadas de presos se transformarem em presídios por conta desse apagão na segurança, o governo do estado parece acordar dessa letargia e anuncia a retomada de ações paliativas, como a volta das diárias e das horas extras, e investimentos pra correr atrás da segurança perdida, como a contratação de dois mil novos policiais e a construção de milhares de vagas prisionais que só vão dar resultado daqui a no mínimo um ano.

 

E enquanto a solução não aparece, quase todos os indicadores da insegurança aumentaram nestes últimos meses, seja na serra ou na região metropolitana da capital e desse jeito, enquanto o crime organizado expande os seus tentáculos, o cidadão vira refém dessa situação na sua própria cidade.

 

 

A verdade é que a gravidade dessa situação e a postura do governo em empurrar o problema com a barriga está cobrando um preço caro demais da sociedade, que acaba virando presa fácil de criminosos atuantes e de governos inertes.