Memória LEOUVE

As escolas ocupadas, a piada fora de hora e a ameaça na manga

As escolas ocupadas, a piada fora de hora e a ameaça na manga

A partir de hoje e até o fim dessa semana, vamos ver se realmente o governo do estado acordou da letargia da falta de atitude com relação à greve dos professores e às escolas tomadas por estudantes.

 

O novo secretário da educação já adiantou que vai liberar R$ 40 milhões para reformas emergenciais nas escolas, assegurou a autonomia financeira das escolas – para evitar atrasos nos repasses – e garantiu que vai preencher a vaga dos professores que faltam em todo o estado.

 

Mesmo assim, nem um movimento em favor de um salário mais digno e melhores condições para os professores em greve. Uma sinalização para a implantação do piso nacional? Nem pensar.

 

Além disso, o tom de ultimato adotado também não é o melhor para solucionar um impasse que se arrasta há semanas e que em grande parte foi ampliado pelo silêncio de um secretário mais preocupado com as eleições que com a educação.

 

O novo secretário, empossado nesta segunda-feira, dia 6, disse que quando há conflito e não há possibilidade de negociação, o judiciário pode restabelecer o direito à manifestação e à educação.

 

Mas, convenhamos, quem não moveu uma palha para resolver os problemas antes do caos e praticamente empurrou professores para a greve e alunos para a ocupação foi o próprio governo.

 

É preciso construir uma mediação consciente e responsável para encerrar as ocupações, além de encontrar uma saída conjunta para a garantia do cumprimento do mínimo de horas e dias letivos determinados pela lei de diretrizes e bases da educação nacional.

 

Mas é no mínimo estranho querer negociar com um prazo já estabelecido e uma ameaça na manga.

 

 

Tão estranho quanto um governador que segue fazendo piadas fora de hora enquanto governa um estado em crise, com pacientes sofrendo em hospitais sem recursos, com policiais insatisfeitos na impotência pra enfrentar uma insegurança crescente, com servidores recebendo salários pedalados; com professores em greve exigindo respeito e estudantes ocupando escolas porque não suportam mais essa educação, porque ninguém suporta mais esse estado sucateado.