Memória LEOUVE

A sociedade civil vai atropelar governos

A sociedade civil vai atropelar governos

Então tivemos ontem as primeiras interferências do Ministério Público da 8ª Zona Eleitoral. O Ministério Público está investigando a transferência estranha de títulos eleitorais para Monte Belo do Sul. Sem que se saiba ainda quais candidatos ou partidos seriam os patrocinadores destas transferências, notadamente ilegais por que certamente visam beneficiar este ou aquele candidato.

 

Também foram alvo de determinações judiciais dois candidatos, uma vereador e outro a prefeito em Bento Gonçalves. Eles tiveram suas páginas nas redes sociais retiradas, isto porque teriam pago ao facebook para impulsionar suas publicações. Impulsionar no caso seria mandar a endereços diferentes daqueles que os candidatos tem em rede.

 

Utilizar redes sociais na campanha de pré-candidatos até pode, desde que eles assumam a condição de pré-candidato. O que não pode é pagar. Porque aí começa a ter a questão possível do abuso de poder econômico. Também uma enquete pra saber em quem votariam os participantes de um grupo de debate foi voluntariamente retirado, por estar ferindo a lei.

 

Mas também é preciso notar que o Ministério Público, embora tenha contado com o apoio do Gabinete de Assessoramento Eleitoral para a investigação da transferência de títulos, ainda aparenta ser pouco instrumentado para acompanhar todos os crimes que ocorrem neste mar de informações e difamações que são as redes sociais.

 

É certo que candidatos mais conectados com a realidade virtual e o seu alcance, utilizarão de todos os expedientes possíveis para tirar proveito desta ferramenta. Cabe notar o que disse o sociólogo e diretor da Fundação Getúlio Vargas, Marco Aurelio Ruediger a respeito desta realidade: “a política e o governo, dois sistemas paquidérmicos, vão acabar atropelados por uma sociedade conectada que aprendeu a brigar por mudanças”.

 

As redes sociais, para quem aprendeu a interpretá-las, são uma bela forma de contornar as pesquisas formais, muito caras. Podem não ser tão precisas, mas permitem enxergar o que antes ficava restrito aos partidos que podiam pagar pelas pesquisas de institutos de opinião pública. Repita-se, são dados imprecisos e que podem ser interpretados de maneiras difusas. Além disto desconsideram o pensamento de uma classe social mais pobre e mais velha. Dados os devidos descontos, há o que colher de importante.

 

Mais do que candidatos, os governos devem considerar os movimentos que iniciam nas redes. E considerar, sobretudo, a velocidade com que soluções de problemas são cobradas.