Memória LEOUVE

A queda de uns, a ascensão de outros e um país a passar a limpo

A queda de uns, a ascensão de outros e um país a passar a limpo

Agora é definitivo. Dilma Rousseff foi cassada e Michel Temer é o presidente do Brasil depois que 61 dos 81 senadores da República votaram favoráveis à cassação do mandato da agora ex-presidente.

 

Mesmo assim, uma nova votação manteve os direitos políticos da presidente cassada em um acordo com o PMDB que pode servir de pretexto para dar o mesmo destino a Eduardo Cunha.

 

Dilma caiu, e com ela caiu um modelo de governo inaugurado por lula há 14 anos, um modelo que transformou o país, para o mal e para o bem.

 

Na letra fria da lei, Dilma caiu por três decretos editados sem a autorização do Congresso e por atrasar repasses aos bancos estatais como pagamento de programas de governo.

 

No imaginário da Nação, Dilma caiu pela corrupção, pela crise, pelo desemprego e pela inflação.

 

A verdade é que Dilma caiu derrotada por uma oposição sistemática que percebeu a chance de voltar ao poder sem a necessidade do voto popular, mas também por seus erros de gestão e por sua incapacidade de negociar.

 

Dilma caiu também como vingança, mas caiu como o símbolo primeiro de uma queda maior, que ainda vai se reproduzir na queda de Lula e no seu impedimento para as eleições de 2018.

 

Mas a queda de Dilma não pode significar a vitória de um modelo que não venceria nas urnas, um modelo que anuncia um vergonhoso congelamento de investimentos em saúde e educação por 20 anos mas garante a correção do pagamento dos juros da dívida.

 

Um governo que amplia o rombo nas contas públicas mas que garante aumento salarial a categorias que já recebem muito.

 

Um governo que acena com reformas que vão cobrar a conta apenas dos mais pobres, mas segue loteando o país para garantir apoio e insinua um enfraquecimento do combate à corrupção porque está inevitavelmente no centro das investigações.

 

Tudo bem, nós já estamos bem calejados. Afinal, passamos por duas ditaduras, vencemos o dragão da hiperinflação e vamos superar o segundo impeachment de um presidente eleito.

 

 

A verdade é que seguimos a luta para passar este país a limpo, e é preciso lembrar que, para isso, essa história não acaba aqui.