Memória LEOUVE

A prisão de Cunha e o 'esquema Temer'

A prisão de Cunha e o 'esquema Temer'

O rotundo silêncio do governo Temer e dos caciques do PMDB sobre a prisão de Eduardo Cunha ecoa na possibilidade dele envolver a cúpula do partido e do governo em uma eventual delação premiada.

 

Seria uma bomba-relógio programada para explodir bem no centro do PMDB, o maior partido da República, aquele que nunca elegeu um presidente mas já emplacou os três terrores Sarney, Itamar e Temer, e que sempre esteve bem próximo do poder desde a redemocratização do país.

 

Porque a Lava-jato nunca esteve tão próxima dos príncipes peemedebistas do petrolão na face da corrupção que já está sendo chamada de “esquema Temer”. Afinal, não custa lembrar que o próprio Cunha já assacou acusações contra o atual Presidente da República de que ele teria recebido cerca de R$ 5 milhões em propina para Temer, e que outros delatores já se referiram ao presidente como o gerente da propina no PMDB.

 

Mas, cá pra nós, é difícil acreditar que Cunha vá abrir mesmo a boca grande. Só mesmo se for pra livrar a família da prisão em regime fechado Cunha vai soltar o verbo sobre os subterrâneos do poder promíscuo exercido no conluio da corrupção entre PT, PMDB e PP, principalmente.

 

Mas a prisão de Cunha tem outro motivo que não é forçar uma delação. Se fosse essa a intenção, ela teria acontecido antes. Agora, a cadeia serve mais pra assegurar uma imagem de que a Lava-jato quer mesmo punir os corruptos de todas as cores, e preparar o caminho para o golpe final contra Lula.

 

É evidente que Cunha sabe demais, e que uma eventual delação teria um poder tão devastador quanto revelar os segredos da Odebrecht. Por isso, a tensão em Brasília gira na aposta de quais serão as vítimas que Cunha irá escolher, e qual o nível de provas que ele pode oferecer.

 

O certo é que a prisão de Cunha neste momento tem mais motivações do que evitar a desmoralização da operação caso ele fugisse pra gastar seus milhões suiços com passaporte italiano. Pra impedir a fuga, bastava cassar os passaportes e bloquear as contas da família.

 

 

O certo é que os próximos dias serão de muita tensão no Planalto e no Congresso, em Brasília, e também em alguns endereços menos nobres pelos lados do ABC paulista. E, mais certo ainda, é que esses dias serão de muita ação em Curitiba, pelo menos até o segundo turno das eleições municipais.